Benigna Ingred Aurelia Bezerril e Krishna Luchetti


UMA PONTE PARA A ANTIGUIDADE: O PENSAMENTO FILOSÓFICO GREGO NA LITERATURA INFANTOJUVENIL



A Antiguidade por muitas vezes esteve sob o signo do esotérico e do curioso. As práticas atuais de ensino de História têm buscado desmistificar esse olhar acerca do mencionado período, não desconsiderando que tal aspecto possa ser pontapé para abordagens de ensino e estimule o interesse pelo assunto, porém, tem se proposto abordar a Antiguidade a partir de uma outra perspectiva, como aponta Pedro Paulo Funari, ao discutir o ensino de História Antiga em um capítulo do livro “História na Sala de Aula” organizado por Leandro Karnal:

 “Nas últimas duas décadas, a situação mudou muito, tanto no ensino superior e na formação dos professores, como nos livros didáticos e de apoio, e na própria prática da sala de aula. Se o estudo da Antigüidade, tantas vezes, parecia antes esotérico, distante e só eventualmente prazeroso e atrativo, hoje o quadro é outro e as perspectivas são ainda mais alentadoras. ” [Funari, 2007, p. 95]

Dentre tantas possibilidades de reformular o olhar à Antiguidade, tanto na formação do professor de História quanto na sala de aula do Ensino Básico, as renovações apontam para perspectivas que afirmam a utilidade da História Antiga para a formação cidadã, o estabelecimento de relações com o mundo contemporâneo e a sociedade na qual o estudante está inserido. Também se ressalta a renovação das práticas em sala de aula que podem proporcionar uma intervenção cativante a partir de abordagens e recursos que dialoguem com a realidade do estudante, que provoquem e que agucem o olhar crítico.

O presente trabalho traz uma experiência com uma turma de 6° ano do Ensino Fundamental, oportunizada pelo Programa Residência Pedagógica/Subprojeto História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, o qual possibilitou a imersão do licenciando no Ensino Básico. As atividades em sala de aula, a regência, desenvolvidas pelos residentes foram discutidas, definidas e redefinidas juntamente aos coordenadores do projeto e aos demais colegas, o que se traduziu em compartilhamento de ideias e de experiências, discussões de textos e de práticas em sala de aula. Tais aspectos do Programa, vale ressaltar, são parte da perspectiva de um ensino de História renovado, com ênfase em um processo de ensino-aprendizagem crítico e significativo

Neste artigo se tem por objetivo a exposição do uso da literatura como recurso didático em sala de aula, a fim de abordar a História Antiga a partir de uma visão reformulada. Para isso, será feita uma breve exposição e reflexão acerca do Programa Residência Pedagógica/Subprojeto História, relacionando-o com o compromisso da renovação do ensino de História e em seguida, o recurso didático escolhido e os resultados em sala de aula serão discutidos.

Entende-se por renovação do ensino de História as ideias acerca da conscientização do profissional de História, enquanto intelectual que deve constantemente buscar aprimorar seus conhecimentos e práticas. Isto posto, pode-se tomar como exemplo as ideias da professora Crislane Azevedo, doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que analisou as mudanças e permanências pelas quais passou o ensino de História no Brasil durante o século XX, e abordou os desafios e aprimoramentos do século XXI acerca do mencionado assunto. Azevedo defende que já nas atividades de estágio deve haver o esforço para que os licenciandos tenham consciência de que suas práticas profissionais devam ser constantemente aprimoradas. Sendo assim, o ideal é um ensino baseado em práticas de pesquisa, que levem a reflexões e aperfeiçoamentos constantes acerca da ação docente. A professora ainda destaca, dentre os objetivos da formação docente dos dias atuais, a necessidade do licenciando de interagir e analisar o cotidiano de uma escola de Educação Básica. [Azevedo, 2010]

Considerando tal proposta de renovação do ensino de História, pode-se pensar as experiências do Programa Residência Pedagógica/Subprojeto História como parte de tal perspectiva. Apesar do Programa não ter exatamente a mesma dinâmica das disciplinas de Estágio Obrigatório em determinados aspectos como sua carga-horária, por exemplo, a proposta do licenciando interagir com a realidade escolar, o acompanhamento e orientação por parte dos professores coordenadores do projeto os quais fazem parte do corpo docente da universidade, e a produção de relatórios em muito conversam com as práticas propostas pelo Estágio. É interessante elencar tal relação para ressaltar o compromisso tido ao longo da regência que integra o Residência Pedagógica com a prática docente pautada no compromisso com um ensino voltado para a formação cidadã e na formação profissional que pensa na pesquisa e na realidade da comunidade escolar.

Pensando nisso, definiu-se um tema norteador do planejamento para com a turma em questão com a qual trabalhou-se durante dois bimestres. O tema do plano de atividades foi sobre organização social na Antiguidade, logo, o pontapé para adentrar no conteúdo histórico foi a organização dentro da própria escola. Um ponto importante aqui, vale ressaltar, é a importância do planejamento para a prática docente. Pensar uma aula, para além do conteúdo de História desta, é pensar nas possibilidades e limitações da estrutura escolar, quantidade de alunos, recursos disponíveis dentre outros elementos. Além disso, a aula pautada no objetivo da formação do cidadão e na reflexão sobre as diferentes experiências humanas em diferentes recortes espaciais e temporais requer definições prévias teórico-metodológicas as quais imputam a ação de planejar executada pelo professor. [Azevedo, 2013]

Ao abordar a Grécia Antiga, dentre outros elementos, buscou-se estudar a pólis grega, conceitos como “cidadania” e “democracia” e os mitos de origem. Pensando em tais assuntos, pôde-se trabalhar, como indicado nos Parâmetros Curriculares Nacionais, noções de “diferenças, semelhanças, transformações e permanências nas relações entre a sociedade, a cultura e a natureza, construídas no presente e no passado” [Brasil, 1998, p. 60]. Além disso, considerando a Base Nacional Comum Curricular, foi possível pensar a disposição a partir de tal abordagem de “explicar a formação da Grécia Antiga, com ênfase na formação da pólis e nas transformações políticas, sociais e culturais. ” [Brasil, 2017, p. 417]. Trabalhar tais pontos foi constantemente pensado sob a perspectiva da reflexão, da relação presente-passado e buscando pensar tal sociedade como não estática e homogênea, o que também faz ponte com a pluralidade que se tem no presente em um grupo escolar, região ou país em que, de forma caleidoscópica, se identificam de padrões a singularidades.  Por fim, também vale mencionar a preocupação em a turma localizar no tempo e espaço a sociedade estudada.

O papel do mito no mundo grego na Antiguidade havia sido trabalhado no viés, inicialmente, de identificação de alguns deles assim como dos principais deuses e, posteriormente, no tocante à função do mito de explicar questões do universo e da existência, assim como seu papel fundamental na criação de eventos na mencionada sociedade e de como alguns deles perpetuam até hoje, como é o caso dos Jogos Olímpicos.

Após trabalhar alguns mitos em sala de aula, foi apresentada à turma o conceito “filosofia”. O 6° ano, vale mencionar, não conta com aulas de Filosofia na grade curricular. Trabalhar tal tema ofereceu a possibilidade de um primeiro contato com tal ideia, assim como tornou-se instigante, especialmente, pelo fato do “desconhecido”. Todavia, esse “desconhecido” seria apenas à primeira vista e essa foi uma aposta ao pensar tal plano de aula. Muitos alunos e alunas informaram, quando questionados, que não conheciam a palavra “filosofia”, porém, ao citar exemplos da sociedade brasileira atual no sentido de direitos etc., questões do cotidiano e conhecimentos científicos dos quais fazemos uso rotineiramente ou de descobertas que estamparam o noticiário e de como tais conquistas e desenvolvimentos estão intrinsecamente ligados ao pensamento filosófico, notou-se, como esperado, que a filosofia já era algo do conhecimento dos alunos e alunas, só ainda não tinham ciência da nomeação dada ao exercício do pensar que constitui as várias ciências que compõem nossa sociedade nos seus mais variados aspectos.

Pensar uma aula e, consequentemente, um recurso didático é levar em consideração a realidade do estudante e a estrutura escolar, como já mencionado. Em um questionário socioeconômico feito no primeiro contato com a turma no tocante à regência, o resultado da pergunta sobre hábitos de leitura indicou que boa parte dos estudantes liam. A leitura era desde livros de fantasia ou romance, até revistas e a Bíblia. A escolha de uma literatura infantojuvenil fantástica como recurso didático para abordar o pensamento filosófico grego e a história do mesmo se deu partindo da ideia de uma parte dos alunos terem afirmado o gosto pela leitura e se, por outro lado, alguns alunos diziam não costumar ler para além do livro didático, trazer um trecho de um livro para a sala de aula poderia despertar o interesse pela leitura em tais indivíduos. Além disso, mediante a estrutura da escola, levar o material impresso com o trecho do selecionado foi viável.
O livro selecionado como recurso didático foi “O dia do Curinga” do escritor e professor de Filosofia Jostein Gaarder. O livro se passa em dois mundos; no contemporâneo entre a estrada e a Grécia e em um mundo fantástico o qual vai sendo apresentado paralelamente à viagem à Grécia feita por pai e filho. Hans-Thomas, o protagonista da narrativa, constantemente aponta seu pai como um filósofo e a obra em si é uma alegoria à busca pelo conhecimento, ou seja, a filosofia.

O trecho selecionado começa no cenário de restos de um templo grego, as ruínas que guardam memórias [Assmann, 2011], assim, a partir de elementos do passado os personagens conversam sobre grandes filósofos que viveram naquele mesmo espaço. O contexto do livro em muito colaborou com a constante localização espacial que é importante no ensino de História, assim como o próprio diálogo que em um tempo presente se fala do passado estudado colabora com a localização no tempo e com a perspectiva de pensar as relações passado-presente.

Após mencionar o local em que se encontram, o pai de Hans-Thomas o questiona acerca de Sócrates, se ele o conhecia. A partir daí o diálogo entre pai e filho tece diversas indagações sobre o que é ser filósofo e sobre alguns pensamentos de famosos nomes da filosofia grega da Antiguidade, como o já mencionado Sócrates e Platão. Pelo fato do livro selecionado ter sido escrito por um filósofo e o personagem tecer questões sobre o que é ser filósofo, como já dito, é possível o estudante perceber as indagações que compõem o pensamento filosófico e perceber o quanto, apesar de inicialmente a turma ter dito desconhecer o significado da palavra “filosofia” em si, a leitura do trecho junto à reflexão de que a sociedade na qual os alunos e alunas estão inseridas é fruto do pensamento filosófico que constitui as diversas ciências.

Ao entregar o trecho aos alunos e alunas, foram feitas algumas questões prévias a fim de nortear a leitura, foi feita a contextualização da trama, além de orientado sobre destacar palavras desconhecidas. A importância que se deu em lançar questões prévias para leitura do texto respaldou-se na ideia de que se faz necessário levantar problemáticas ao objeto de estudo que pode ser construída a partir de questões aparentemente simples, mas que oportunizam grandes reflexões, possibilidades e questionamentos. A partir de questões propostas em sala de aula que pode “conseguir dos educandos uma atitude ativa na construção do sabe e na resolução dos problemas de aprendizagem” [Schmidt, 2004, p. 60]. Para além de questões de identificação e contraposição do pensamento filosófico em relação ao mito, questões do tipo “como a filosofia causa impacto em nossas vidas até hoje? ”, “a Grécia Antiga seria uma sociedade de pensamentos estáticos? ”, “o novo ainda causa receio como pode ser observado no caso da morte de Sócrates? ” também foram elencadas após a leitura individual do trecho.

Sobre as palavras desconhecidas, essa possibilidade também foi pensada ao escolher o recurso didático em questão uma vez que a leitura possibilita a expansão do vocabulário e a experiência de se deparar com palavras novas por parte dos estudantes oportuniza na prática mostrar como isso de fato ocorre. Vale mencionar que apesar do foco no ensino de História, a escolha do recurso didático da literatura também considerou a prática da leitura em sala de aula assim como a possível colaboração na construção de um hábito de leitura, além de exercitar mais e mais a capacidade de interpretação dos alunos e alunas.

Trabalhar os assuntos “mitos” e “pensamento filosófico”, respectivamente, possibilitou discutir com a turma em quais aspectos os dois temas se aproximavam e se distanciavam. Ambos explicadores de aspectos da vida do ser humano, porém com métodos diferentes; um aceitava respostas prontas e o outro questionava estas, buscando a racionalidade. O contexto do surgimento do pensamento filosófico na Grécia se relaciona com a formação da pólis e as relações que vão se dando nesta. “O ‘racionalismo’ político que preside às instituições da cidade se opõe certamente aos antigos processos religiosos do governo, mas sem por isso excluí-los de maneira radical” [Vernant, 2002, p. 61]. Além disso, fugindo da ideia de sociedades engessadas, o exemplo da condenação à morte de Sócrates, ocasionada pela acusação de corromper a juventude daquele momento, muito colaborou para a reflexão da pluralidade de ideias dentro de uma sociedade, a dificuldade de aceitar novos posicionamentos, assim como questões sobre liberdade de pensamento foram levantadas. Todos esses pontos puderam ser relacionados ao presente e a situações, ainda que superficialmente, conhecidas pelos alunos.

Além disso o mencionado exemplo de Sócrates possibilitou abordar a filosofia grega como ambígua e o filósofo do recorte em questão ser uma figura qualificada para administrar a pólis, mas por vezes alguém que necessitava se retirar para o privado [Vernant, 2002], o que geralmente não é abordado ao se falar de tal assunto.

Assim como os historiadores buscam traduzir em palavras suas concepções de mundo, os autores literários também o fazem, para mais, a literatura não é algo criado do zero e as vivências do autor muito influenciam em suas tramas, logo, selecionar um trecho de um autor filósofo para abordar o pensamento filosófico grego potencializou o uso do recurso em questão, além de este fato estar relacionado à produção literária como um bem cultural que em muito agrega no ensino de História. Vale salientar que, a preocupação em deixar bem claro o que era fantasia e o que se podia tomar como reflexão do real foi constante. Isto posto, também é importante expor da importância do livro didático para apoiar o texto literário a fim de esclarecer e delinear bem essa divisão cuidadosa que se deve fazer ao usar uma leitura fantástica com elementos históricos. Aqui, mais uma vez, as questões tiveram grande papel ao possibilitar a identificação de relações entre o conteúdo do trecho e textos do livro didático, a fim dos fatos históricos não ficarem apenas a cargo da oralidade do professor e do estudante ter uma atitude ativa ao confrontar os dois materiais de leitura.

Pode-se considerar os resultados obtidos a partir de tal uso de recurso didático e abordagem do assunto bastante positivos. Primeiramente, o fato de muitos alunos e alunas manifestarem dificuldades com algumas palavras, desconhecerem outras, inclusive muitos nunca tinham ouvido o nome “Sócrates”, pode ser visto como algo muito construtivo, uma vez que o uso do recurso de fato possibilitou o contato com novas palavras, novos personagens históricos e localizações. Isso pode ser dito uma vez que por mais de uma vez em sala de aula foi feito o exercício de localizar a Europa e a Grécia, categorizando-os enquanto, respectivamente, atuais continente e país. Simples categorização que muitos dos estudantes apresentavam dificuldades em identificar. Ao final da execução do plano de aula em questão, a turma conseguia localizar o assunto no espaço de forma assertiva. Isso deu-se justamente porque o texto literário selecionado referia-se ao local em que o trecho escolhido se passava. Assim como ao pensar no recorte espacial, questões como “a Grécia desses filósofos citados no trecho é a mesma em que o livro se passa em relação ao tempo? ” colaboravam para a orientação no tempo por parte dos alunos e alunas.

Ao abordar a importância da filosofia para as diversas ciências e de como ela está presente em praticamente todos os campos da sociedade atual, o objeto de estudo põe-se próximo aos estudantes, fazendo com que o esotérico que comumente circunda a Antiguidade converta-se em reflexões contribuintes para a formação cidadã, objetivo central do ensino de História e da prática docente. O Programa Residência Pedagógica/Subprojeto História mostrou-se comprometido com as práticas de renovação do ensino de História, as quais só são possíveis quando aplicadas à formação docente que, por sua vez, deve pautar-se na pesquisa e na integração à comunidade escolar. Assim, os planejamentos das aulas não se davam apenas pensando no conteúdo de História, mas também no contexto escolar em questão. A experiência do uso do recurso didático do texto literário pode ser concebida como concordante com os termos apresentados além de possibilitar o enriquecimento do conhecimento de bens culturais de nossa sociedade; os livros.

Referências
Benigna Ingred Aurelia Bezerril é graduada em História Licenciatura pela UFRN.
Krishna Luchetti é graduada em História Licenciatura pela UFRN. Mestranda em História pelo PPGH/UFRN.

ASSMANN, Aleida. Espaço da recordação: formas e recordações da memória cultural. Tradução: Paulo Soethe.- Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2011.
AZEVEDO, Crislane Barbosa. “A renovação dos conteúdos e métodos da história ensinada” in PERCURSOS, v. 11, n. 02, Jul - Dez. 2010.
AZEVEDO, Crislane Barbosa. “Planejamento docente na aula de História: princípios e procedimentos teórico-metodológicos” In METÁFORA EDUCACIONAL [ISSN 1809-2705] – versão on-line, n. 14 [jan. – jun. 2013], Feira de Santana – BA [Brasil], jun./2013. p. 3-28.
BRASIL. Ministério da Educação. Base nacional comum curricular. Brasília: MEC/SEB, 2017.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: história / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC / SEF, 1998.
FUNARI, Pedro Paulo. A renovação da História Antiga. In: KARNAL, Leandro [org.]. História na sala de aula : conceitos, práticas e propostas. 5.ed. São Paulo : Contexto, 2007.
GAARDER, Jostein. O dia do curinga. Tradução João Azenha Jr. - São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
RUIZ, Rafael. Novas formas de abordar o ensino de História. In: KARNAL, Leandro [org.]. História na sala de aula : conceitos, práticas e propostas. 5.ed. São Paulo : Contexto, 2007.
SCHMIDT, Maria Auxiliadora. A formação do professor de História e o cotidiano da sala de aula. In: BITTENCOURT, Circe [org.]. O saber histórico na sala de aula. 9 ed. São Paulo: Contexto, 2004.
VERNANT, Jean Pierre. As Origens do Pensamento Grego. Tradução Ísis Borges B. da Fonseca. - Rio de Janeiro: Difel, 2002.

10 comentários:

  1. Boa noite, Benigna e Krishna. Parabéns pelo trabalho! É realmente imprescindível que seja extrapolado os limites tradicionais do que é história, incluindo conhecimentos como a filosofia e a literatura na sala de aula. Pelo que interpretei, o foco da aula é conhecimento histórico por meio da filosofia, assim, minha pergunta reside em qual aporte de referências que vocês possuem para a abordagem da filosofia na sala de aula? Qual a validade dos livros de Gaarder para a própria filosofia? Minha dúvida também reside no fato de que a filosofia, comumente, não está na grade curricular do ensino fundamental; quais seriam os motivos para tal, e se eles interferem na proposta de ensino de vocês (?)
    Mais uma vez parabéns pelo trabalho!

    Ana Carla Rodrigues Ribeiro

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    1. Olá, Ana Carla. A ideia com essa aula foi tanto propor o contato de adolescentes com a literatura, como foi falado no texto, quanto abordar o conceito de filosofia para abordar a Grécia Antiga no tocante à sua sociedade para além dessa ideia esotérica que se tem da Antiguidade. Então, usar o livro possibilitou uma localização espacial, pois, o diálogo entre pai e filho se dá em ruínas da Grécia e essa conversa busca os antigos filósofos daquele lugar pelo fato do pai do protagonista do livro se considerar filósofo. Então a partir de uma conversa de personagens se tece toda uma ideia do ser filósofo a qual se abriu portas para falar de filósofos antigos e adentrar nessas ideias de transformações e formações de pensamentos em uma sociedade. O conceito filosofia foi explicado a partir do dicionário e foi algo novo para a turma porque o 6º ano não tem aula de Filosofia, essa matéria é inclusa na grade de ensino em anos posteriores. A Filosofia é fundamental para todas as ciências e a História não está isenta disso, pensar, refletir e investigar é algo essencial para o historiador e deve ser algo pontual em suas aulas. Acredito que se a Filosofia fosse inclusa mais cedo no ensino básico seria bastante positivo, até pela rica e fundamental, podemos dizer, possibilidade de dialogar com todas as matérias escolares. Em História podemos fazer uso de questões filosóficas constantemente e isso é essencial, é a ação de refletir e implica no objetivo de colaborar com a formação de um indivíduo crítico. No livro didático usado pela turma falava brevemente do conceito filosofia e dos filósofos Sócrates, Aristóteles e Platão, então, pensando também nas possibilidades de recursos da aula, o livro didático foi usado e o próprio trecho de "O Dia do Curinga" naquele diálogo de pai e filho explicava, por exemplo, o pensamento de Platão sobre o mundo das ideias e o pensamento de Sócrates sobre constantes questionamentos e busca por saber. Gaarder foi usado como recurso didático, vale ressaltar, achei válido pelo fato de ele ter sido professor de Filosofia e todos seus livros trazerem esse tema. Então uni esse fator à possibilidade de uma experiência literária, ainda que breve, com a turma. Ao pensar essa aula, considerei duas obras de Jean-Pierre Vernant que são "As Origens do Pensamento Grego" e "Mito e Pensamento entre os Gregos". Tive contato pela primeira vez com Vernant na graduação, em uma disciplina de História Antiga, então, ele foi um aporte para pensar essa aula, pensar essas transformações e formações da sociedade grega, tendo como pontapé, justamente, o recurso didático mencionado e a discussão do conceito filosofia e da ideia de razão que se tem a partir disso.

      Benigna Ingred Aurelia Bezerril

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    2. Como apontou a colega Benigna, o uso da Filosofia foi feito de acordo com nossos objetivos no plano de curso, visando enriquecer a experiência dos alunos, assim como servir nossos objetivos. De fato, a vinda tardia da Filosofia na Escola Básica é lamentável, essa sera muito pertinente nos anos iniciais, visto que iria atiçar o pensamento crítico do alunado, além de lhe apresentar novas formas/olhares sobre o mundo e a sociedade.Justamente por isso, como professoras de História, acreditamos que fazer pontes com a Filosofia, mesmo nas séries iniciais do Fundamental II, se faz muito profícuo, visto as contribuições que essa ciência humana primordial faz em todo o campo.
      Krishna Luchetti

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  2. Adorei o texto assim como também a iniciativa de utilizar outros livros diferentes dos didáticos em sala de aula. Minha pergunta é relacionada à utilização de livros com um pouco mais de ficção mas que tenham acontecimentos históricos, é possível utilizá-los em sala de aula ? Qual seria uma faixa etária interessante para se trabalhar com essa perspectiva ?

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    1. Olá, Leticia!
      Assim como o uso de filme, acredito que ao usar livros é importante pontuar em sala de aula mesmo o que é ficção na obra e o que de fato é parte de um conhecimentos histórico. O mesmo podemos aplicar a romances históricos que podem ser recursos didáticos mas que cabe ao professor nesse momento da educação básica ajudar e orientar ao alunado quanto a pontuar o que deve ser retirado daquele texto para a abordagem histórica.
      Sobre a faixa etária, é algo que tem que ser pensado turma a turma. O livro "O Dia do Curinga" foi utilizado com uma turma do 6º ano, utilizei apenas um trecho. Acredito que, por exemplo, o livro todo talvez fosse denso demais para a faixa etária, mas o trecho escolhido apresentava um texto compreensível de modo geral à série destinada. Acredito que se bem pensado e consideradas questões de como avaliar a turma a partir desses usos etc., é uma forma de aula que pode ser aplicada a todas as séries do fundamental e do ensino médio, avaliando, claro, o livro escolhido. Então um livro que uso com o 9º ano talvez não seja interessante para a faixa etária do 6º ano, por exemplo. Cabe ao profissional da educação avaliar a turma e qual literatura usar para alcançar seus objetivos de aula.


      Benigna Ingred Aurelia Bezerril

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    2. Olá Leticia! Novamente concordo plenamente com a colega Benigna! O uso de livros de literatura nas aulas de História, principalmente dos romances históricos, são muito pertinentes, pois tanto despertam o interesse dos alunos pela leitura no geral, quanto pelo conteúdo estudado! Acredito que esses recurso pode ser usado desde as séries iniciais, com quadrinhos e livros de teor mais infantil! Mas como apontou minha colega cabe ao professor contextualizar a fronteira entre a ficção e a História!
      Krishna Luchetti

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  3. Fabiana Lobato boa noite muito boa esse texto e gosto de saber que o livro didático é estudado constantimente uma bem extraída de forma de filmes sobre o assunto do livro eu creio que seje maravilhosa estudar desse jeito no meu entender se o profissional souber dar uma aula bem explicada eu digo que eles vão gostar demais.Eu gostei muito de lê esse artigo.Fabiana Lobato

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Boa noite! Fico feliz com seu comentário. Que bom que gostou do artigo. Nosso objetivo enquanto profissionais da educação é pensar metodologias e abordagens que colaborem com o ensino-aprendizagem e com esse tipo de aula valorizamos também a produção cultural a qual temos acesso!

      Benigna Ingred Aurelia Bezerril

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  4. Olá! Parabéns pelo texto. Tenho uma pergunta mais voltada ao ensino da filosofia na educação básica, tendo em vista a turma de 6° ano do Ensino Fundamental que pôde participar do projeto. A despeito de, infelizmente, não haver obrigatoriedade no ensino de filosofia na educação básica de nosso país, qual seria a principal dificuldade, no olhar de vocês e com a experiência que tiveram até o momento, de lecionar filosofia para crianças e adolescentes? Muito obrigado.

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