Allef Gustavo Silva dos Santos


REVISTA EM QUADRINHOS COMO RECURSO DIDÁTICO À DISCIPLINA DE HISTÓRIA ANTIGA



O que foi a Idade Antiga?
De acordo com Fernad Braudel “[...] os historiadores começam a tomar consciência, de uma nova história [...]” [Braudel, 1978, p.26], e desta maneira não se poderá expor aqui um modelo de repartição da História humana. Tomando como exemplo a chamada Idade Antiga, a sua conjuntura básica de observação na historiografia tradicional aponta desde as primeiras formas de escrita entre 3100 a.C ou 3500 a.C e enfraquece como o declínio do império romano, tendo seu fim em 476 d.C. com a tomada da capital romana. No entanto como já foi explicitada, esta forma de cronologia está dentro da historiografia tradicional e já foi revista e problematizada pelos historiadores de escolas novistas. Braudel é um deles. Desta forma a história antiga tende-se a se esticar para trás e para frente. A forma de escrita não mais defina o princípio, pois problematizou-se o que pode ser enquadrado como escrita na antiguidade. A queda do império romano não significa pura e simplesmente o fim de um período como a antiguidade, pois ele permanece por certo tempo no imaginário das pessoas, compreendido dentro da “longa duração” [Braudel, 1978, p.41]. Não se discute também entre os pares da academia uma História linear, mas uma História em ciclos, pela complexidade da ação humana no seu meio. Isto não significa somente uma análise da transformação física no conjunto social, mas uma transformação invisível compreendida no imaginário, assim salienta Braudel:

 “A dificuldade, por um paradoxo só aparente, é discernir a longa duração no domínio onde a pesquisa histórica acaba de obter seus inegáveis sucessos: o domínio econômico. Ciclos, interciclos, crises estruturais ocultam aqui as regularidades, as permanências de sistemas, alguns disseram de civilizações14— isto é, velhos hábitos de pensar e de agir, quadros resistentes, duros de morrer, por vezes contra toda lógica, de uma história pesada cujo tempo não mais se harmoniza com nossas antigas medidas”. [Braudel, 1978, p.49].

Podemos então discorrer sobre alguns aspectos desse período como forma de demonstrar o que foi a Idade antiga.  Esta fase da história humana compreende o desenvolvimento de mecanismos de longa duração na área do conhecimento que subsistem até hoje como norteadores da práxis moderna. Vemos o conhecimento antigo nas construções que se utilizam da matemática geométrica. A ideia de sistemas de irrigação para a agricultura surgiu ainda na antiguidade egípcia. O desenvolvimento das artes astronômicas pelas quais desenvolvemos estudos e pesquisas sobre os lugares mais longínquos de nosso universo. O desenvolvimento da ideia de democracia e cidadania na polis grega, bem como as concepções de liberdade que balizaram tanto esta cultura quanto a romana. A cidade organizada com leis e determinações para a conduta social, saindo do antigo código de Hamurabi às leis das doze tábuas. Isto para não mencionar a literatura de narrativa mitológica, a literatura poética, a filosofia, entre outras. Constata-se aqui um período rico do desenvolvimento humano evidenciado pelos seus feitos e a duração dos mesmos:

“Mesmo em nosso dia-a-dia, é difícil escapar de coisas, palavras e ideias provenientes do passado. Prédios públicos e privados em nosso país ainda são construídos com elementos arquitetônicos inspirados nos prédios antigos. Nos filmes de Hollywood, vemos a Guerra de Tróia, os gladiadores romanos, heróis cristãos e outros personagens do passado nos trazendo imagens e interpretações do mundo antigo. “Cleópatras”, “Césares” e “Alexandres” fazem parte do repertório do cinema desde a sua origem. O mundo antigo faz parte do imaginário da modernidade. Vejamos mais alguns exemplos” [Beltrão; Davidson, 2009, p.13].

Todos estes aspectos e mais são exemplos de objetos que se transformam em estudos feitos hoje dentro da área de várias ciências com suas respectivas metodologias e contribuem, no caso da História, para uma escrita historiográfica de um passado distante, historicizando cada um destes exemplos da vivência humana, compreendida por este período. Dentro de seus contextos a humanidade tem as mais variantes formas de lhe dar com o seu meio, e estas formas materializam-se dando forma à história viva. Então a fim de produzir uma conexão com o processo ou os processos históricos que vivenciaram. Uma herança comum são as palavras, que condicionam talvez em si conceitos sociais complexo, mas que utilizamos dentro e fora da academia, ou seja, estão acessíveis a quase toda a sociedade.

Os processos históricos pelos quais sociedades antigas assaram originaram práticas, conceitos e instituições “liberdade” e “democracia” são duas destas “palavras mágicas”. Nos jornais e em nossa vida quotidiana, vemos que homens e mulheres aspiram, promovem, celebram, defendem, matam e morrem por palavras e conceitos que não surgiram agora [Beltrão; Davidson, 2009, p.11]. A história antiga neste sentido, mais que um simples processo da humanidade em sua articulação com o meio é fonte. Fonte de pesquisa, de estudo e de ensino. Desenvolver então, forma ou metodologia, pelas quais parte deste conhecimento distante possa chegar aos nossos jovens por um meio eficaz e acessível poderá contribuir para a formação dos mesmos e sua cidadania.

Uma análise das hqs como recurso didático
A HQ apesar de ser muitas vezes confundida com outros gêneros de escrita apresenta especificidades. Tais especificidades ajudam na distinção da mesma em meio outros materiais produzidos com o mesmo intuito, passar uma mensagem de forma didática e rápida, no entanto ela distingue-se da charge no que tange à sua estrutura destinada à crítica e de cunho jornalístico [Vilela, 2012, p.47-48].  E ela também se distingue do livro didático na função que ocupa uma imagem. No livro a função é meramente ilustrativa enquanto na HQ ela é visual, substituindo muitas vezes o próprio texto [Vilela, 2012, p.50].

No que tange à sua trajetória, este gênero literário “é fruto do jornalismo moderno” [Goida apud Xavier, 2017, p.03], mas alguns de seus aspectos como o desenho e as expressões já eram evidenciadas na “pré-história” e na antiguidade [Vergueiro; Feijó apud Xavier, 2017, p. 03]. Depois deste breve apanhado histórico da HQ pode-se delinear alguns aspectos do presente pelos quais se faz necessário uma atualização das metodologias pedagógicas e renovação dos recursos didáticos pelos professores.

Comecemos pela extensão de cunho nacional da educação brasileira. A institucionalização por parte do estado brasileiro a respeito de uma educação de cunho nacional, onde as diretrizes partiriam do centro de poder veio ainda no fim da primeira metade da república com Getúlio Vargas [Ribeiro, 1993, p.07] e diante de um lento processo de adequação por meio das leis que definiam o que deveria ser ensinado nas escolas, à educação brasileira sofreu influências de grupos, de regime de governo [Ribeiro,1993], de maneira que o agravante hoje em sala de aula responde pelo nome genérico de tecnologia.  Num mundo ainda mais globalizado, onde o diálogo educacional perde espaço para as tecnologias massificantes, constata-se, o trabalho do professor torna-se mais difícil. Pierre Nora atesta que nossa sociedade é carente de memória, pois tem necessidade de arquivar tudo o que produz. Arquivar e esquecê-lo [Nora, 1993]. As escolas seguem normas e diretrizes muitas vezes incompatíveis com seu contexto educacional local, é em meio a este emaranhado de discrepâncias que a práxis docente precisa se modificar no intuído de resguardar uma educação para aqueles que serão o futuro.

Partindo destes pressupostos podemos conjecturar que a sala de aula enquanto ambiente da práxis pedagógica oferece ao professor o laboratório onde ele irá colocar em circulação o que foi apreendido na academia. Fica a pergunta: como colocar em sala de aula [ensino fundamental ou médio] os conhecimentos discutidos e absorvidos no ambiente científico do mundo da pesquisa acadêmica? É evidente que as metodologias de acessibilidade do conhecimento devem ser desenvolvidas e colocadas em prática. Um dos recursos, o qual busca-se discorrer sobre sua utilização em sala de aula é a História em Quadrinhos a fim de aliar tanto a prática docente quanto a compreensão por parte do aluno do conteúdo abordado, neste caso específico a disciplina de História Antiga. Evidenciadas todas estas diretrizes do estudo salienta-se a popularidade de um recurso acessível e que deixou de ser exclusivo de um grupo para pertencer aos mais variados nichos sociais “os quadrinhos deixaram de ser compreendidos como leitura exclusiva de crianças para serem entendidos como forma de entretenimento de diversos públicos” [Lima, 2017, p.148].

Para Santos e Vergueiro “o ano de 1996 é marco importante para a trajetória da aceitação das histórias em quadrinhos como ferramenta pedagógica no Brasil”, e os autores argumentam em torno da promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional [LDB], [Santos; Vergueiro, 2012, p.82]. É importante este diálogo pelo fato de trazer uma abertura tanto da educação em geral como do processo pedagógico em sala de aula, motivados ambos, sobretudo pelo governo. Podemos conjecturar que antes da promulgação destas diretrizes alguns professores já utilizavam este recurso como ferramenta, mas a normatização confere notoriedade e abrange todos os contextos educacionais do país. Assim a HQ sai de um panorama mais recluso para se tornar recurso didático para o ensino, em suas mais variadas vertentes. Seja de língua portuguesa ou de História. Porém este sucesso encontra alguns obstáculos de cunho analítico e discussões teóricas sobre sua utilização [Santos; Vergueiro, 2012, p.84].

Um dos primeiros desafios é a linguagem, que muitas vezes pode ser acessível ao aluno, mas que não faz parte do vocabulário do professor ou então a falta de compreensão do mesmo sobre os recursos linguísticos presentes neste material:

“[…] ler quadrinhos é ler sua linguagem, tanto em seu aspecto verbal quanto visual (ou não verbal)”, ressaltando, ainda, que dominar essa linguagem, “[…] mesmo que em seus conceitos mais básicos, é condição para a plena compreensão da história e para a aplicação dos quadrinhos em sala de aula e em pesquisas científicas sobre o assunto.” [RAMOS apud Santos; Vergueiro, 2012, p.85].

Então as HQs podem mediante um bom manuseio fornecer a perspectiva de trabalhos de pesquisa e trabalhos de análise de contextos políticos e históricos. Mas como bem se ressalta na citação o professor deve buscar familiarizar-se com o conteúdo didático com o qual irá trabalhar. Outro problema decorrente é a escolha de uma revista que se adeque tanto ao contexto histórico estudado quanto apresente elementos socioculturais ligados ao conteúdo. Diante destes dois pontos o professor poderá partir para o desenvolvimento das atividades pedagógicas que acarretarão a junção, evidenciada na prática, do conteúdo e do recurso da HQ confluindo para o processo educativo do aluno.

As HQs oferecem três possibilidades de atividades educativas em sala de aula “A primeira é a leitura de uma história em quadrinhos para identificar sua linguagem e a disposição de seus elementos narrativos” [Santos; Vergueiro, 2012, p.86], que constitui por si mesma uma abordagem de reconhecimento do texto a fim de familiarizar-se. É necessário que o professor explane bem o conteúdo para que só depois possa abordar o material auxiliar, pois se não o fizer os nexos entre o que foi explanado pelo docente e absorvido pelos discentes não se resulta sinteticamente na linguagem da HQ. Outra atividade é “retirar os textos dos balões e solicitar aos estudantes que elaborem novos diálogos, trabalhando a articulação texto-imagem” [ Santos; Vergueiro, 2012, p. 86], assim o aluno participa ativamente da aula e o professor pode avaliar o desempenho cognitivo do aluno no que diz respeito à sua interpretação de texto. O aluno se torna participante da aula, que por sua vez se torna dinâmica. E a última possibilidade diz respeito à criatividade e imaginação dos estudantes. Para Santos e Vergueiro “a criação de histórias em quadrinhos pelos próprios alunos, utilizando cartolina ou sulfite” [2012, p. 87].


Exemplo prático
Existe uma revista com personagens famosos e que representam de certa forma o homem e suas práticas [pelo menos em parte] do ocidente romano em relação aos “bárbaros”. Asterix e Obelix forma criados em 1959 na França e mais tarde viriam a se tornar personagens de desenho animado e filme. Os personagens representam o povo bárbaro e sua história se dá entrelaçada com a do império romano. Ambos têm aventuras pelas quais acabam mostrando um enredo histórico de um tempo, bem como de povos diferentes, como: egípcios; gregos; romanos e bárbaros. Além, é claro, de apresentar críticas pontuais a certas condutas dos poderosos do período, o que em se tratando de história é formidável, pois se tem buscado a cada dia uma renovação crítica dos “fatos”, processos e acontecimentos históricos, o que acaba por influenciar na educação social do aluno como sujeito crítico.

Tomemos como exemplo este pequeno trecho da revista em quadrinhos que tem os personagens Asterix e Obelix.


Fonte: https://revistagalileu.globo.com/

Há aqui presente uma sugestão de roubo para simplesmente preparar o tempero do “guisado”, mas em sala de aula este trecho pode ser um exemplo dos significados que povos diferentes atribuem a seus símbolos, pois em Roma antiga os louros eram um símbolo de honraria militar, algo um tanto adverso para outros povos e neste exemplo, para os “bárbaros” não passava de um simples tempero. Neste exemplo o professor contribuiu com seus alunos para uma problematização do conceito de cultura na aula de História Antiga.

Desta maneira o que se quer demonstrar com o artigo é a possibilidade de tornar as aulas da disciplina de História Antigas mais atrativas, sugerindo a utilização da HQ como recurso didático, por oferecer linguagem acessível, imagens que condicionam tanto o texto como as expressões de uma circunstanciam, salientando uma receptividade cada vez mais positiva em relação a estes recursos didáticos mais populares em auxílio dos professores. Cabe salientar que não se deve seguir somente na utilização deste recurso, mas desenvolver mais revistas em quadrinhos com temáticas de História para que os conhecimentos desta disciplina se tornem mais acessíveis a todos.

Referências
Allef Gustavo Silva dos Santos é graduando em História pela Universidade Estadual do Maranhão-UEMA e atua como pesquisador do grupo de Pesquisa e Documentação em História do Maranhão”.
allefgustavosantos@gmail.com.

Asterix e Obelix contra César - Disciplina – História. Disponível em:
www.historia.seed.pr.gov.br. Acessado em 4/03/2020.
BRAUDEL, Fernand. Escritos de História. Editora perspectiva, 1978. Disponível em:https://farofafilosofica.com/ . Acessado em; 16/02/2020.
BELTRÃO, Claudia; DAVIDSON, Jorge. História Antiga. v.1. Rio de Janeiro: CECIERJ, 2009. 276 p.
COULANGES, Fustel de. A cidade Antiga. São Paulo: EDAMERIS, 1961. Disponível em: eBooksBrasil/Exilado [epub e kindle]. Acessado em: 10/10/2019.
DOBERSTEIN, Arnoldo W. O Egito Antigo. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2010. Disponível em: http://www.pucrs.br/orgaos/edipucrs/. Acessado em: 05/10/2019.
FRONZA, Marcelo. O significado das histórias em quadrinhos na educação histórica dos jovens que estudam no ensino médio. Dissertação [mestrado em Educação] – Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2017.
LIMA, Douglas Mota Xavier de. Histórias em quadrinhos e ensino de História. Revista História hoje, V.6, n° 11, p.147-171 – 2017.
RIBEIRO, Paulo Rennes Maçal. História da educação escolar no Brasil: notas para uma reflexão. Paidéia [Ribeirão Preto]  n°.4 Ribeirão Preto, Feb./July 1993.
SANTOS, Roberto Elísio dos; VERGUEIRO, Waldomiro. História em quadrinhos no processo de aprendizado: da teoria à prática. EccoS – Rev. Cient., São Paulo, n. 27, p. 81-95, jan./abr. 2012.
VILELA, Marco Túlio Rodrigues. A utilização dos quadrinhos no ensino de História: avanços, desafios e limites.  Dissertação [mestrado em Educação] – Faculdade de Humanidades e Direito da Universidade Metodista de São Paulo. São Paulo, 2012.
XAVIER, Glayci Kelli Reis da Silva. História em quadrinhos: panorama histórico, características e verbo-visualidade. Darandina [revista eletrônica] – programa de pós-graduação em letras: Estudos literários – UFJF/vol.10, 2017 – N.2

42 comentários:

  1. Os nossos alunos amam História Antiga, então porque ela não é ensinada com paixão e como realmente deveria ser???

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    1. É pouco atrativa pelo fora de se tratar muitas vezes de uma história distante. Ela não fica distante apenas temporalmente, mas as vezes até em termos de realidade atual. Depende do professor renovar sussa metodologias e buscar recursos novos, com uma rolagem diferente, com uma linguagem mais acessível. Demonstrar também q a história "antiga" não está tão distante.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Eu vejo um detalhe muito importante que não vi ser abordado no texto, as historias em quadrinho tem a liberdade poética, que seria uma "liberdade para alterar a história" então geralmente não são fidedignas, como tu transpassaria esse ponto?


    Felipe Lucas Fagundes

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    1. Talvez eu não tenha deixado muito claro, porém me parece importante, é que os profissionais da área da história desenvolvam este material. Assim as disparidades entre realidade histórica e veracidade deverão ser ponderadas.

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  4. As ferramentas usadas em sala de aula podem ser diversas, como por exemplo o livro didático, geralmente limitado e mostra apenas uma perspectiva dos fatos, a historia em quadrinho e mesma situação, como podemos compreender os "dois lados da moeda" com uma ferramenta que nos apresenta um herói e um vilão traçando uma relação positivista entre os mesmos. Ou seja tu não acha que a unica utilidade que teria os quadrinhos em sala de aula seria, para os alunos identificarem o que não condiz com a realidade em um exercício de analise?


    Felipe Lucas Fagundes

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    1. No exemplo que citei os marginalizados tem um papel mais preponderante na história. Cabe ao professor dar as nuances necessárias para não fugir ao objeto.

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  5. Boa Noite!
    Parabéns pelo excelente texto. O uso da História em Quadrinhos , no ensino de História, foi uma inovação na disciplina de História. Visto que com essa novidade, os alunos interagem na sala de aula com mais desenvoltura, trazendo uma nova roupagem para uma aula mais dinâmica.

    Valéria Cristina da Silva - Graduanda no curso de História - UERN

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    1. Muito agradecido pelo comentário. Isso me motiva a seguir na linha de abordagem de uma história mais dinâmica entre professor e aluno.

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  6. Olá Allef. Parabéns pelo trabalho.
    Qual é a sua percepção quando se trata da funcionalidade da utilização da HQ enquanto documento em sala de aula?

    Priscielli do Carmo Rozo Cerdeira da Rosa

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    1. Para abordar enquanto documento, temos que ter em mente um material feito por especialistas na área, o que na verdade eu defendo que aconteça para que não acarrete interpretações dúbias ou errôneas a respeito de um fato histórico, levando o material didático a se tornar uma fonte puramente de literatura e divertimento. O professor deverá dar as nuances necessárias.

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  7. Boa tarde, Allef,Parabéns pelo seu texto! Como você falou em seu texto, a utilização da história em quadrinhos pode ser um complemento do conteúdo dado pelo professor em sala de aula, para uma maior fixação do assunto, e, olhando para a realidade em que muitas escolas vivem, sem ao menos ter o livro didático como ferramenta pedagógica, como seria feita a utilização dessa história em quadrinhos em sala de aula levando em consideração o momento histórico que estamos vivendo?

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    1. De fato a carência de material didático é um problema no Brasil, mas o desejo de produzir um material de baixo custo e muito acessível só vem a ajudar. Me parece que não será tão difícil encontrar este recurso didático. Porém, é complemento, como você bem citou, o que significa que o professor não deva se acomodar. O professor e o aluno são os aspectos mais importantes neste processo, o aluno até mais.

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  8. Olá,

    Dentro dessa perspectiva de proposta de ensino mediante o uso de história em quadrinhos, você considera os quadrinhos digitais, ou scans, como também são chamados, uma alternativa viável para aulas sobre o tema, dada a dificuldade que se tem em conseguir exemplares impressos para os alunos?

    Dalgomir Fragoso Siqueira

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  9. Olá Allef, a abordagem do HQ como temática em recursos didáticos é fascinante. Já que a história em quadrinhos é um meio para o qual se possa, a partir dela, estimular o jovem a descobrir acontecimentos de uma forma divertida e prática. Entretanto, um exemplo que utilizarei para dar minha opinião aqui será a HQ "Os 300 de Esparta" que aborda homens com capas vermelhas, e escudos dourados, não havendo armadura sobreposta sobre eles. É fato que isso não condiz com a realidade retratada nas estátuas, e manuscritos da época. Os "livros" as vezes tendem a exagerar para causar espanto e maravilhamento por parte dos leitores. Portanto, como podemos fazer para que jovens não se "acomodem" ao que foi retratado, e pesquisem sobre o assunto lido, visto. Ou seja, como estimular um jovem a duvidar de algo que ele leu sobre determinado acontecimento para que ele analise a veracidade no assunto abordado? Isso é claro, não se enquadra somente nos quadrinhos, mas em qualquer outro documento que retrate de alguma forma o contexto histórico de determinado período, ponhando em evidência o seu olhar crítico (já que a maioria dos jovens não tem a sobreposição crítica).
    Att.: Ismara Morais da Silva

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  10. Obrigado pelo comentário.
    A problematização pode ser suscitada mediante a própria análise da história em quadrinhos. Defendendo também, porém não coloquei no artigo, que especialistas na área ou acadêmicos comecem a desenvolver este matéria, a fim de aparar as arestas do subjetivo, mas se não ouvece dúvida o ensino estaria fadado ao fracasso, por isso saliento como resposta que existe uma necessidade de não se saturar todo o conhecimento, fazendo com que o aluno busque um outro meio de sanar suas próprias dúvidas que não o próprio professor. Os recursos para pesquisa podem vir também dentro da HQ.

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  11. Olá, excelente texto. Como você analisa o uso dos quadrinhos de grande divulgação como as do super heróis no que tange ao roteiro abordado relacionado a história?
    Marcos José Soares de Sousa

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  12. Depende muito da dinâmica das aulas. Mas pode-se abordar no processo da globalização e intromissão cultural de um determinado país em outros através da ideologia de mercado presente em alguns quadrinhos. Podemos abordar a primeira e a segunda guerra mundial com o capitão América... São variadas as abordagens, feita a escolha cuidadosa da revista.

    Grato pelo comentário!

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  13. Olá, parabéns pelo texto!
    O ensino da história antiga, por vezes, parace a um grupo considerável de pessoas, como algo chato e tedioso, creio que pelo fato, de que muitos desses, tiveram experiências "traumáticas", com aquele ensino tradicional e metódico, além de se depararem com textos densos e com uma escrita um tanto quanto difícil. Entretanto, quando se consegue fazer uma dinâmica que torne tanto o ensino, quanto o aprendizado da história antiga, algo mais prazeroso, percebe-se que além do aproveitamento ser melhor, tambem fica aquela lembrança carinhosa do tema. Sendo assim, o uso de HQs e outros recursos midiáticos, como séries e filmes, se torna uma boa opção, mas, qual seria o motivo, de ser um recurso tão pouco explorado?

    Keven Alves de Souza Santana

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    1. Grato pelo comentário e pela pergunta.
      Dois fatores influenciam na pouca utilização deste tipo de material: a estrutura escolar não oferece e o professor ainda vive no tempo do faça você mesmo.
      O ensino não melhora só por causa dos recursos, devemos ter em mente que a ideia de levar recursos didáticos diferentes e até mesmo elaborar alguns, significa uma maior atuação do professor.

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  14. Desde já querido quero parabenizar pela temática incrível e por você ter desenvolvido um artigo que fale sobre a utilização das Histórias em quadrinhos como didática no ensino de História. Agora, gostaria de saber como essa didática pode fazer o discente do ensino fundamental adquirir uma consciência Histórica a partir da integração das HQS na prática docente?
    Carlos Fontineli Modesto

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    1. Grato pelo comentário e pela pergunta.
      O aluno pode adquirir a consciência histórica por duas vias complementares: através da leitura e problematização da revista, e por fim, a elaboração de uma como atividade, que traga para o cenário da história a vida deste indivíduo e o meio onde vive.

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    2. Obrigado querido!
      Carlos Fontineli Modesto

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  15. Olá Allef. O parabenizo de antemão pela temática aqui apresentada.

    Vivemos em um Brasil com realidades escolares, por vezes ainda não compreendidos e com problemáticas de difícil superação a curto e médio prazos, em que o discente de História possa trabalhar conhecimentos e novas metodologias. Sou graduanda e vejo através de textos como o seu, a gama diversificada de metodologias que podem ser trabalhadas com os alunos mas não consigo ainda lidar com a ausência de oportunidades para a aplicação delas, ficando ainda no campo teórico.

    Dada a situação brasileira de ataque às Ciências (principalmente as Humanidades), alto apelo mercadológico do ensino à distância e um ambiente acadêmico presencial que por vezes deixam de preparar o discente para a realidade das salas de aulas brasileiras (e aqui me atenho primeiro ao ensino público sem deixar de lado o ensino privado), como acha que os futuros profissionais de História, que ainda não vivem o dia a dia do ensino escolar no decorrer de sua graduação, podem se preparar para lidar com essas disparidades de prazo de aulas, ambiente engessado, tempo curto ou inexistente para ampliação de novos conhecimentos, quando isso lhe falta em seu ambiente de aprendizagem acadêmica, seja EAD ou presencial?

    Viviane Roza de Lima

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    1. Grato pelo comentário e pela longa pergunta interessante.
      De fato é um problema o comodismo acadêmico. Muitas vezes pecamos por buscar uma separação drástica entre a sociedade e a academia, as vezes até mesmo entre os estudantes secundaristas e os acadêmicos licenciandos. Eu diria que a correção se faria de uma perspectiva do indivíduo acadêmico, tomando como base a universidade em que estudo, pois os fatores de ordem pedagógica que influem na dinâmica professor-aluno já foram incorporados na grade curricular do curso. Outro ponto importante a ser discutido é como fica o ensino em meio a esta pandemia, e mesmo depois dela. É algo mais profundo que não convém a mim discutir agora, pois não estou a par de todas as diretrizes que estão surgindo.

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    2. Obrigada Allef e me desculpe pela divagação extensa.

      O pouco que pude perceber que o ambiente acadêmico (varia de instituição para instituição) ainda é engessado em trabalhar com os discentes as aplicações de ensino utilizando os recursos (devidamente problematizados) culturais consumidos atualmente.

      Obrigada novamente!

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  16. Este comentário foi removido pelo autor.

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  17. As histórias em quadrinhos se apresentam como um importante recurso artístico contemporâneo por apresentar uma linguagem, muitas vezes acessível ao grande público, acho interessante este recurso aos alunos para mostrar um reflexo de uma sociedade ao qual está retratando, mas não podemos dizer que como instrumento artístico, inserido em seu tempo, os quadrinhos não tendem a expressar muito mais sobre a sociedade atual, do que realmente o passado de fato?

    Afranio Junior de Melo Barros

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    1. Grato pelo comentário e pela pergunta.
      Necessariamente para corrigir este defeito, defendo que acadêmicos e professores comecem a produzir este material. No caso da produção de mercado com as mesmas, deve ser livre a produção e estimular a imaginação, as ponderações históricas serão feitas pelo professor em sala de aula. O recurso didático é um meio, não o fim do conhecimento, que é condensado ao final de tudo.

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  18. Ola, Allef. Ainda falando sobre a primeira parte de seu texto e tomando emprestado anguns fragmentos do mesmo:
    "Esta fase da história humana compreende o desenvolvimento de mecanismos de longa duração na área do conhecimento que subsistem até hoje como norteadores da práxis moderna. Vemos o conhecimento antigo nas construções que se utilizam da matemática geométrica. A ideia de sistemas de irrigação [...]

    “Mesmo em nosso dia-a-dia, é difícil escapar de coisas, palavras e ideias provenientes do passado. Prédios públicos e privados em nosso país ainda são construídos com elementos arquitetônicos inspirados nos prédios antigos."[Beltrão; Davidson, 2009, p.13].

    "Os processos históricos pelos quais sociedades antigas assaram originaram práticas, conceitos e instituições “liberdade” e “democracia” são duas destas “palavras mágicas”".

    "Desta forma a história antiga tende-se a se esticar para trás e para frente."

    Podemos ainda utilizar o conceito/termo enquanto temática, porém de forma mais crítica, ressaltando como bem frisou nesse seu último, que esta periodicidade pode esticar tanto para frente quanto para trás em localidades distintas levando em consideração às peculiaridades de cada espacialidade?

    Rafael Amorim Santos

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    1. Grato pelo comentário e pela pergunta.
      Eu não diria que sociedades vivem ainda hoje em um estágio de história antiga, se for esse o tipo de questionamento. Até porque a temporalidade histórica hoje é muito questionadas. Sabemos que ouve um passado e temos um presente, mas a separação em estágios é pura didática para não misturar os fatos, acontecimentos e transformações que ficam restritas a temporalidades distintas. Argumento ainda, que o termo utilizado por mim nesta última citação que você trouxe diz respeito a estruturas que temos como herança, como nomes, conhecimentos específicos e gerais, termos bem distintos. Mas hoje através de uma história do imaginário sabemos que a antiguidade ultrapassou o marco temporal do ano de 476.

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  19. Allef, antes de minha segunda pergunta em relação a temática o parabenizo pelo texto.

    Retornando a reflexão...
    Vejo que os livros didáticos vem melhorando a temática ao abordar outras sociedades além das famigeradas greco-romana, mesopotâmica e egípcia. Entretanto, ALGUNS manuais pouco falam sobre os povos americanos ou africanos nessa periodicidade, como se fossem primitivos. Só abordam esses em outras periodicidades para relacioná-los a uma relação de subordinação aos europeus, como a Conquista da América(Modernidade), Neocolonialismo (Contemporânea), levando ao velho padrão tradicional e acrítico da periodicidade européia. Essa ausência de conteúdo leva a uma consequência drástica na construção da identidade daqueles que ao serem iniciados na História de um povo ao qual a própria História diz que ele pertence, é escravizado ou posto como personagem histórico secundário. Logo, diante dessa ausência monumental de fontes é necessário recorrer a outros tipos de fontes para romper com essa enorme barreira, para que assim, o índio, o negro ou asiático não queira tomar o exemplo do branco europeu como padrão a ser seguido, o herói. Dito isto, como você enxerga esse desafio diante dessa nova BNCC?

    Rafael Amorim Santos

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    1. Grato pelo comentário e pela pergunta.
      Me parece que para além de uma produção de fontes sobre o assunto, coisa que deve ser feita imediatamente pela academia, a revista em quadrinhos poderia tornar mais acessível a história desse povo aos estudantes em geral. Isto implicaria de duas maneiras não só em uma ponta a formulação de fonte científica, mas a popularização dos conhecimentos ali obtidos através das HQs.

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  20. Olá Allef:
    Parabéns pelo texto.
    Fiquei muito contente em ler o seu texto e perceber a sua preocupação e iniciativa em ajudar os alunos a identificar aspectos da Antiguidade em elementos de seu dia a dia. Você menciona em seu texto que o HQ seria somente utilizado no Ensino Fundamental e Médio. Mas digo a você que pode também ser utilizado no Ensino Superior, porque muitos alunos ingressam no Ensino Superior e mencionam que nunca ouviram falar em Asterix e Obelix. Fiquei curiosa por que o HQ chamou a sua atenção (em particular) para ser utilizado como ferramenta de aprendizagem em sala de aula?

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    1. Grato pelo comentário e pela pergunta.
      Desenvolvo meus trabalhos acadêmicos sempre tendo em perspectiva o aluno ao qual deverei me reportar no final do curso e início de uma vida profissional. Já desenvolvi um trabalho sobre educação patrimonial com base em fotografias. A HQ foi uma possibilidade de interesse, pois eu li muito na infância. Não descarto também a utilização da mesma no ensino superior.

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  21. Fabíola Mendes Alves21 de maio de 2020 às 21:47

    A busca por uma abordagem mais atrativa aos alunos é de grande valor, meus parabéns por se concentrar em abordagens que atraiam verdadeiramente os alunos, o interessante nesses usos de literaturas diversas nas aulas é que sempre são obras que despertam interesse dos alunos, pois em outras disciplinas talvez eles tenham contanto com narrativas que não os agradam naquele momento. A minha questão é se além do uso dos quadrinhos, a interdisciplinariedade também se torna um fator importante para o ensino? Se é possível atrelar outros fatores e conteúdos ao uso dos quadrinhos para criar uma metodologia de maior amplitude?

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    1. Grato pelo comentário e pela pergunta.
      Sim. A interdisciplinaridade é importante também quando for tratar a meu ver qualquer assunto da ciência história.

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  22. Parabéns pela texto Allef, uma viagem muito legal que também já fiz. Mas tome cuidado com as concordâncias, todos nós que nos aventuramos a escrever escorregamos nisso, faça uma leitura atenciosa depois de pronto. Há uma certa descontinuidade da primeira para a segunda parte do texto, melhore as pontes entre os parágrafos e seja um pouco mais objetivo, o quinto parágrafo ficou circulando muito e não chegou a uma conclusão satisfatória pra mim. Cuidado com os conceitos de HQs, em seu primeiro parágrafo sobre o tema há alguns erros conceituais, principalmente quando se compara com outros tipos de literatura. Recomendo dar uma olhada nos cursos de HQs da Fundação Demócrito Rocha (cursos.fdr.org.br), ligada a Universidade Federal do Ceará. Percebi que no seu exemplo trata da antiguidade clássica, e se você for observar, há poucas HQs ou mesmo o uso do período no gênero, como tema ou cenário para outras histórias, então seria mais adequando restringir o título ao período abarcado no texto. Gostei da sua postura de inovar na sala de aula com ideias renovadoras da metodologia, e muito apropriado mencionar que o material didático não seja a única fonte de estudo dos estudantes. Inclusive essa falta de quadrinhos da Antiguidade abre espaço para que você possa começar a produzir material autoral na área. Pense nos temas que poderiam tem uma boa roteirização e revolucione, você pode.

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    1. Muito grato pelos comentários e pelas sugestões. Colocarei em prática!

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