Raimundo Nonato Santos de Sousa e Ruan David Santos Almeida


POSSIBILIDADE DE DIÁLOGO ENTRE HISTORIOGRAFIA E ENSINO DE HISTÓRIA A PARTIR DO LIVRO DIDÁTICO: UM ESTUDO DE CASO SOBRE O EGITO ANTIGO



Considerações iniciais
O presente texto tem por objetivo refletir sobre o impacto da produção historiográfica na escrita do livro didático e consequentemente no ensino de História na Educação Básica. No que diz respeito à estrutura, esse texto se divide em quatro partes centrais. Na primeira, são realizados alguns apontamentos sobre a mudança no modo de se produzir o conhecimento histórico, ocorrida na primeira metade do século XX. A que a sucede trata sobre alguns aspectos da história do Egito Antigo como exemplificação da renovação epistemológica processada na história. Na terceira, é apresentado um exemplo do impacto desta renovação na produção do livro didático de história. E na quarta, é proposta uma atividade para refletir em sala de aula sobre a relação entre história, historiografia e conhecimento histórico a partir do livro didático.

Da História positivista à História nova
O século XIX foi marcante para o estudo do passado humano. Pois, foi nele que a História se institucionalizou enquanto ciência dotada de métodos e de um objeto de estudo definido. O interessante é que o século XIX também foi marcado pela consolidação dos Estados-Nacionais na Europa, assim como na América Latina. Essa relação, por certo, nos diz muito sobre o caráter da corrente historiográfica que se estruturou no período oitocentista. [Peterson; Lovato, 2013]

Em vista da aproximação entre a história e a política, a corrente historiográfica do século XIX se concentrou em exaltar grandes feitos, fatos e nomes, com o fito de garantir a construção de uma identidade nacional para os Estados recém-consolidados. Nessa conjuntura, não havia espaço para a singularidade dos grupos, visto que o foco residia apenas sobre o que se concebia como ‘comum’ a uma coletividade. Como consequência, a produção historiográfica dessa época se caracterizou por uma preocupação com a universalidade e a objetividade.

Esse traço era tão forte que os historiadores não podiam usar nas suas pesquisas outras fontes que não fossem aquelas tipificadas como oficiais – geralmente estas fontes se limitavam aos documentos com autenticação oficial. A razão disso encontra-se no fato de que na época a História era fortemente influenciada pelo Positivismo, ao ponto de os historiadores pretenderem produzir um conhecimento histórico que fosse científico, universal e principalmente isento de intencionalidades particulares [Peterson; Lovato, 2013]. Esses historiadores ficaram conhecidos como historiadores positivistas.

É claro que o intento dos historiadores positivistas do século XIX não era compatível com a realidade, uma vez que é impossível, como foi reconhecido mais tarde, produzir uma narrativa histórica isenta de intencionalidade e finalidade. Como se vê, o século XIX legou para a posteridade um modelo de história assumidamente compromissado com o aspecto político e que se caracterizaria como uma história factual, narrativista, e, por conseguinte distante da vida dos homens, ditos, comuns.

Esse modelo de historiografia foi combatido aguerridamente ainda na primeira metade do século XX pelos historiadores dos Annales – grupo surgido no ano de 1929 com o lançamento da revista “Annales d’histoire économique et sociale”. Para os historiadores desse grupo – notadamente representado por Lucien Paul Victor Febvre e Marc Léopold Benjamim Bloch – a história deve está voltada não somente para alguns homens de notoriedade política, mas sim para todos os homens. [Le Goff, 1995]

Nisso fica explícita a concepção de história dos Annales; concepção esta que diz que a história é a ciência que se dedica ao estudo dos homens no tempo [Le Goff, 1995]. Esse novo entendimento sobre a história sinaliza a abertura dessa ciência a uma multiplicidade de objetos, fontes e interesses, até então desconsiderados pelos pesquisadores da área [Peterson; Lovato, 2013]. Com isso, a história deixa de ser singular e se torna plural, estando, desse modo, comprometida não apenas com os grandes nomes, feitos e fatos, mas também e, sobretudo, com a pluralidade da existência dos homens no passado.

Tratando sobre esse período de renovação epistemológica na ciência histórica o historiador Jacques Le Goff [1995], que integrou a terceira geração dos Annales, diz que a primeira metade do século XX foi determinante para a reconfiguração da história enquanto ciência, pois a partir dessa época a história deixou de focalizar o estudo das personalidades políticas e voltou suas lentes para o cotidiano das pessoas no passado, contemplando com isso os mais variados aspectos da experiência humana no tempo. O dito historiador chama esse modelo de história de História nova. [Le Goff, 1995]

Para mais, a mudança no objeto de estudo da história veio acompanhada da modificação no conceito de fonte histórica. Nos dizeres de Le Goff (1995), a história nesse período: “[...] ampliou o campo do documento histórico [...]”. [Le Goff, 1995, p. 28] Isso porque a partir dos Annales o conceito de fonte histórica se dilatou e passou a incluir fotografias, artefatos arqueológicos, obras literárias, dados estatísticos, testemunhos orais e tudo que tiver relação com os homens e que possa mediar a relação entre o historiador e o seu objeto pesquisado. [Boch, 2001]

Em adição, cabe destacar que outra contribuição dada pelos Annales diz respeito ao diálogo que a história passou a estabelecer com outras ciências que igualmente estudam o homem, a exemplo da Geografia, Arqueologia, Antropologia, Sociologia e Psicologia [Le Goff, 1995]. Tal diálogo se tornou possível porque, conforme Le Goff [1995], a história para os Annales só consegue alcançar seu objetivo de contemplar as múltiplas dimensões da experiência dos homens no tempo a partir do diálogo com outras ciências. Esse ponto é confirmado por Marc Bloch [2001], para quem o conhecimento histórico só pode ser produzido a partir da colaboração das outras áreas do conhecimento que estudam o homem. [Bloch, 2001]

Sem dúvida, o diálogo com outras ciências proporcionado pelos Annales foi muito importante, porque representou o esforço dos historiadores em: “[...] saltar os muros, derrubar as divisões que separavam a história das ciências vizinhas [...]”. [Le Goff, 1995, p. 30] Le Goff [1995] ainda observa que, ao contrário dos positivistas, os historiadores dos Annales defendem que a principal finalidade da história é a de ajudar a compreender o presente a partir do estudo do passado; e para isso ocorrer, o envolvimento do pesquisador com seu objeto não é só possível como também é necessário, haja vista que o primeiro lança sobre o segundo as suas inquietações do presente.

Por um exemplo da renovação epistemológica na História: o caso do Egito Antigo
É nesse contexto de ampliação das possibilidades de pesquisa em História que o conhecimento sobre os aspectos culturais das civilizações do passado se diversificou. Como exemplo da renovação historiográfica ocorrida ainda na primeira metade do século XX com os Annales, esta seção tratará sobre os aspectos culturais do Egito Antigo, os quais, na perspectiva da história positivista do século XIX, não seriam investigados pelos historiadores.

O Egito é uma das civilizações mais antigas, complexas e enigmáticas da história. Essa civilização, situada geograficamente entre o continente africano e o oriente médio, nos legou muitos conhecimentos relacionados à matemática, astronomia, medicina, farmacologia e à arquitetura. Além de ser uma das mais longevas, complexas e importantes civilizações, o Egito também é, por certo, uma das que mais instigam o nosso interesse e curiosidade.

O Egito Antigo se trata do primeiro reino unificado conhecido até hoje e do único que possui uma grande riqueza documental sobre sua existência, a qual nos informa tanto sobre os aspectos políticos como também sobre os aspectos culturais do seu povo. [Cardoso, 1986]

Apesar de apontar “a falência da ‘hipótese casual hidráulica’”, o historiador brasileiro Ciro Flamarion S. Cardoso [1986] no livro O Egito Antigo, afirma que a agricultura e a criação de animais no Egito Antigo só foram possibilitadas pela existência do rio Nilo. Quando esse historiador fala sobre a falência da hipótese causal hidráulica, ele está se referindo à falta de sustentação da teoria de que a unificação do Egito Antigo, ocorrida por volta de 3000 a.C., teria ocorrido como consequência da existência do rio Nilo e do uso da irrigação. A razão disso, segundo Cardoso [1986], está no fato de que fatores como a guerra, a conquista e o militarismo também podem ter contribuído para a centralização política da civilização egípcia.

Apesar disso, a importância do rio Nilo para esta civilização é indiscutível. O rio Nilo era tão prestigiado no Egito Antigo, que para os egípcios o ato de sujar ou até mesmo de desviar indevidamente as águas do rio se enquadrava em um pecado muito grave e socialmente condenável, que era julgado com severidade pelas autoridades responsáveis. [Cardoso, 1986]

Além disso, o comércio egípcio foi muito beneficiado pelo rio Nilo. Comprovando isso, Cardoso [1986] diz que no Egito Antigo o comércio externo foi possibilitado por esse rio, o qual facilitou o deslocamento e as transações comerciais entre os egípcios e povos da região, como por exemplo, os fenícios, com quem os egípcios comumente estabeleciam tratos comerciais. Além disso, o artesanato egípcio deveu muito ao rio Nilo, haja vista que parte dos produtos artesanais produzidos eram feitos a partir de materiais retirados deste rio.

Quanto à religião no Egito Antigo, vale destacar que ela se institucionalizou a partir da aglomeração de organizações administrativas provinciais e era empregada como ferramenta ideológica pelo faraó para garantir a unidade na sociedade egípcia. A religião também expressava, nesse contexto, a estratificação do poder na sociedade dos egípcios, uma vez que existia o culto oficial destinado às pessoas de prestígio social e o culto popular que, como o próprio nome sugere, voltava-se para os indivíduos dos segmentos populares. [Cardoso, 1986] Para mais, é importante mencionar que os túmulos egípcios são as mais conhecidas fontes de estudo sobre a religião do povo do Egito Antigo. [Cardoso, 1986]

Também, é possível perceber a influência das águas do rio Nilo na elaboração das crenças do povo egípcio. João Vicente de Oliveira [2002] em seu artigo “Egito, presente do Nilo” garante que o rio Nilo influenciava a vida dos egípcios nos planos social, cultural e mental. Com isso, conclui-se que o rio Nilo não foi apenas importante para o surgimento e o desenvolvimento da civilização egípcia. Pois, ele também colaborou para a estruturação da vida dos egípcios, influenciando sua cultura, sociedade, seu imaginário e, inclusive, a sua cosmovisão de mundo. [Cardoso, 1986]

À base do que foi apresentado, percebe-se que novos aspectos da história do Egito Antigo têm sido privilegiados na pesquisa em história, sem dúvida graças às contribuições dadas pelos Annales.

Por um exemplo do impacto da renovação historiográfica na escrita do livro didático de História: o caso do Egito Antigo
Os ecos da renovação historiográfica proporcionada pelos Annales têm chegado à Educação Básica por meio dos livros didáticos. As informações que se seguem apresentam uma breve análise sobre o modo como o Egito Antigo é tratado no livro didático “História: das cavernas ao terceiro milênio” de Patrícia Ramos Braick e Myriam Becho Mota. O livro supracitado foi publicado pela editora Moderna em 2016 e destina-se aos alunos do 1º ano do Ensino Médio. O capítulo 4, que trata sobre o Egito Antigo, além de abordar sobre os aspectos políticos, econômicos e sociais da civilização egípcia também reserva espaço para os aspectos culturais desse povo. Por exemplo, sob o tópico “A mulher no Egito Antigo”, Braick e Mota [2016] dizem que:

“Na Antiguidade, o Egito era a única civilização na qual a mulher tinha um status igual ao do homem. Pesquisadores chegaram a essa conclusão ao encontrar evidências de que elas podiam ir e vir com liberdade, abrir processos, dispor livremente de seus bens, tomar a iniciativa do divórcio, além de possuir os mesmos direitos à herança que os homens. Apesar da grande desvantagem numérica em relação aos homens, algumas ocupavam cargos na administração do Estado e exerciam funções sacerdotais. Até mesmo a função de faraó foi exercida por mulheres em diferentes dinastias: Sobekneferu [1806-1802 a.C.], Hatchepsut [1473-1458 a.C.] e Tausert [1193-1190 a.C.]”. [Braick; Mota, 2016, p. 59]

Além de tratar sobre a condição da mulher no Egito Antigo, as autoras também abordam sobre a alimentação dos egípcios, sob o tópico “A dieta egípcia”, no qual elas dizem que:

“As pinturas em murais e os objetos encontrados em templos e sepulturas revela que o pão e a cerveja eram alimentos básicos da dieta egípcia na Antiguidade. Tanto o pão quanto a cerveja eram feitos com trigo e cevada, alimentos com grande teor nutricional obtidos por meio da agricultura, principal atividade econômica egípcia. Para a produção da cerveja, os cereais eram misturados com levedo e água e, após a fermentação, a bebida era finalizada com ervas ou tâmaras. Os egípcios também consumiam rabanete, pepino, alho e cebola, leguminosas – fava, ervilha e grão-de-bico – e frutas, principalmente uva, tâmara, figo e melão. A carne de bovinos e caprinos era consumida principalmente pelos mais ricos. Para adoçar certos alimentos e bebidas, eles usavam mel, que era armazenado em recipientes de pedra”. [Braick; Mota, 2016, p. 60]

Como se vê, a alimentação dos egípcios no Egito Antigo hoje é conhecida, graças aos estudos realizados por historiadores em parceria com outros pesquisadores, a exemplo de arqueólogos. Para mais, Braick e Mota [2016] também tratam sobre o cotidiano dos egípcios no tópico “Outros aspectos do cotidiano”, como se percebe na citação a seguir:

“As casas eram construídas em locais elevados para não serem atingidas pelas inundações do Nilo. Os mais pobres moravam em casas pequenas feitas de barro, junco e madeira, praticamente sem mobília. As famílias ricas moravam em casas construídas com tijolos de barro, colunas de pedra e telhado de madeira, com vários cômodos e ricamente mobiliadas. Nas áreas urbanas, as casas eram próximas umas das outras, e as mais ricas tinham geralmente mais de um andar. No campo, os nobres mandavam construir residências amplas com jardins, pátios e várias dependências. As roupas dos egípcios eram leves, a maioria feita de linho. Grande parte da população não utilizava peças tingidas, apenas decoradas com pregas. Somente os mais ricos usavam tecidos tingidos e se enfeitavam com joias. Os homens usavam um tipo de saia e as mulheres, vestidos longos. As crianças frequentemente ficavam nuas e tinham a cabeça raspada para facilitar a higiene. A natação, a caça e a luta eram esportes populares no Egito Antigo. Os jogos de tabuleiro também eram muito apreciados, e as crianças brincavam com bolas de couro, carrinhos, peões e bonecos”. [Braick; Mota, 2016, p. 61]

Neste livro, as autoras também se referem ao processo de mumificação dos egípcios, dizendo que:

“A técnica aplicada variava de acordo com os recursos e o estrato social do falecido. A forma mais elaborada de mumificação seguia, de maneira geral, o seguinte padrão: os sacerdotes lavavam o corpo do morto com água e essências aromáticas; retiravam o cérebro pelo nariz com finas pinças de ferro e o descartavam; depois, retiravam outros órgãos por um corte lateral na altura do abdômen e os colocavam em vasos chamados canopos, que seriam deixados ao lado do sarcófago. O coração era considerado pelos egípcios o centro da inteligência e da força vital dos indivíduos e, por isso, ele geralmente permanecia no corpo. Após a retirada dos órgãos, o corpo era coberto por um sal conhecido como natrão e permanecia assim por cerca de 40 dias para desidratar. Passado esse período, o corpo era lavado com óleos aromáticos, goma-arábica e cominho e, depois, coberto com betume. Finalmente, o corpo era enrolado com bandagens de linho fino, entre as quais eram colocados joias e amuletos para protegê-lo. Depois disso, pronto, o corpo podia ser depositado em um sarcófago de madeira simples ou ornado com ouro. Poucos egípcios podiam arcar com os altos custos da mumificação. Os mais pobres simplesmente eram envoltos em uma mortalha de linho e depositados nas areias do deserto para que a aridez do ambiente os conservasse”. [Braick; Mota, 2016, p. 62]

Pode-se notar que o livro “História: das cavernas ao terceiro milênio” de Patrícia Ramos Braick e Myriam Becho Mota insere-se na corrente historiográfica iniciada pelos Annales, por valorizar os aspectos culturais do povo egípcio na Antiguidade, o que permite em consequência aos alunos terem uma compreensão mais ampla sobre a história do Egito Antigo.

Atividade para discussão do tema em sala de aula
A presente proposta de atividade visa empregar o livro didático em sala de aula como um recurso capaz de fomentar reflexões sobre correntes historiográficas durante as aulas de História. Essa proposição destina-se aos alunos da 1ª série do Ensino Médio, pois é nesta série que o conteúdo referente à introdução ao estudo da História é ministrado. A atividade se estrutura nas seguintes etapas:

1.   Primeiro, o/a professor/a explica para a turma o que são a História Positivista e a História Nova apresentando também suas principais características e seus representantes;

2.   Em seguida, o/a professor/a apresenta como exemplificação para a turma dois exemplos de narrativas históricas de livros didáticos inseridas em cada uma destas correntes – seria interessante o/a docente pedir para a turma analisar as duas narrativas e dizer à qual corrente historiográfica cada uma delas pertence;

3.    Após isso, o/a professor/a pedirá para a turma pesquisar em livros didáticos de história de autores e décadas diferentes duas versões de narrativas – cada uma inserida em uma das duas correntes historiográficas supracitadas – sobre fatos históricos ligados à história do Egito Antigo;

4.   Depois de informar isso, o/a professor/a definirá uma data para apresentação e discussão das pesquisas dos alunos. O/a professor/a poderá aproveitar essa atividade para mostrar para a turma que o conhecimento histórico é produto de uma apropriação interpretativa do passado, cujo enfoque varia a depender da intencionalidade de quem o produz.

Considerações finais
Ainda que se reconheça que nas universidades, a cada ano que passa, novas pesquisas são desenvolvidas reiterando ou redefinindo fatos históricos já conhecidos e que as escolas da Educação Básica não acompanham essas mudanças no modo como o passado humano é pensado nas universidades, pode-se concluir, à base das informações apresentadas neste texto, que as mudanças no modo como o conhecimento histórico é produzido podem interferir na produção do livro didático de História e consequentemente no ensino desta disciplina.

Referências
Raimundo Nonato Santos de Sousa – É acadêmico do oitavo período do curso de História na Universidade Estadual do Maranhão - UEMA, campus Caxias. Atualmente, atua como pesquisador-bolsista PIBIC/UEMA e pesquisador-colaborador UNIVERSAL/FAPEMA.
Ruan David Santos AlmeidaÉ acadêmico do curso de Licenciatura em História pela Universidade Estadual do Maranhão [UEMA], campus Caxias. Atua como pesquisador-bolsista PIBEX-UEMA.

BLOCH, Marc Leopold Benjamin. Apologia da História ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. [Livro]
BRAICK, Patrícia Ramos; MOTA, Myriam Becho. História: das cavernas ao terceiro milênio. 4 ed. – São Paulo: Moderna, 2016. [Livro didático analisado]
CARDOSO, C. F. O Egito antigo. São Paulo: Editora Brasiliense, 1986. [Livro]
LE GOFF, Jacques. A História Nova. São Paulo: Martins Fontes, 1995. [Livro]
OLIVEIRA, João Vicente Ganzarolli de. Egito, presente do Nilo, Phoînix: Rio de Janeiro, v.08, n.1, 2002. 185 – 196 p. [Artigo]
PETERSEN, Sílvia; LOVATO, Bárbara Hartung. Introdução ao estudo da história: temas e textos. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 2013. [Livro]

15 comentários:

  1. Olá, Raimundo e Ruan!
    Tudo bem com vocês?

    Parabéns pelo excelente trabalho.
    Vocês se debruçaram sobre o livro didático - Ensino Médio - “História: das cavernas ao terceiro milênio”, das autoras Braick & Mota (2016), oferecendo-nos uma análise breve e competente. Ao término da leitura fiquei pensando sobre outros livros de História distribuídos na Educação Básica; nesse sentido, há pesquisa que replica o objetivo do estudo de vocês, mas a partir da análise dos livros didáticos do Fundamental II? Se sim, é possível indicar-me?

    Obrigado e abraço.

    Antonio José de Souza
    (Itiúba/Bahia)

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    1. Boa madrugada/Bom dia, Antonio José de Souza. Muito obrigado pelo seu comentário. Infelizmente não temos conhecimento de nenhuma pesquisa com tal proposta. Foi, inclusive, em função disso que decidimos propor esta comunicação, cujo intuito é também incentivar o desenvolvimento de estudos que tenham esse direcionamento. De certo modo, isso é positivo porque nos faz ver um campo cheio de possibilidades que precisa ser explorado.

      Por: Raimundo Nonato Santos de Sousa.

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  2. Olá,Raimundo e Renan
    Espero que estejam bem!

    Tendo como base os livros didáticos e as mudanças historiográficas, para além da proposta citada, de quais outas ferramentes dispomos para desperta o interesse do aluno pelo o estudo da História Antiga, visto que essa parte da matéria ainda é em muitas escolas trabalhada de maneira superficial?

    Como condensar uma área tão extensa e cheias de particularidades, História Antiga e do Egito no geral, em um curto período de tempo, porém de forma profunda e memorável?

    Parabéns pelo Trabalho!
    Ficou super organizado, com uma linguagem simples e acessível para todos os públicos, além de trazer informações diretas e esclarecedores.

    Claudio Oliveira Cavalcanti
    (Jardim de Piranhas/RN)

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    1. Boa madrugada/Bom dia, Claudio Oliveira Cavalcanti. Muito obrigado pelo comentário. Agradecemos também os elogios. Sobre a sua primeira pergunta: Hoje, felizmente, contamos com uma variedade de ferramentas que podem tornar as aulas de história, com ênfase na Antiguidade, mais atrativas para o alunado; como por exemplo, filmes, documentários, HQ etc. Acredito aguerridamente que o uso consciente dessas ferramentas pode gerar muitos resultados positivos em sala de aula.
      Sobre a sua segunda pergunta: Esse é um desafio que todos os professores de história precisam aprender a lidar. (In) Felizmente, existem na escola um cronograma e uma grade curricular que precisam ser atendidos. Na sua prática docente, o/a professor/a se apegando às suas possibilidades em sala de aula e usando as ferramentas certas pode trabalhar com a turma História Antiga de uma forma memorável, ainda que não seja de uma forma profunda como desejaria por causa das circunstâncias.

      Por: Raimundo Nonato Santos de Sousa

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  3. Olá Raimundo Nonato e Ruan! Achei bem pertinente a questão suscitada por vocês no texto. Gostaria de saber qual a motivação para a escolha deste livro didático para análise?

    Jefferson Fernandes de Aquino

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    1. Bom dia, senhor Jefferson Fernandes de Aquino. Obrigado pelo comentário. Em resposta à sua pergunta, nós elegemos o livro "História: das cavernas ao terceiro milênio" da Patrícia Ramos Braick e da Myriam Becho Mota, porque esse livro apresenta os conteúdos históricos pelo viés cultural, o que permite uma compreensão mais ampla das civilizações da Antiguidade.

      Por: Raimundo Nonato Santos de Sousa

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  4. Bom dia, Raimundo e Ruan,

    Parabéns pelo texto, claro e preciso! Particularmente considero um tema bem pertinente!

    Minhas perguntas são bem pontuais, e saliento que são apenas sobre detalhes, que, em minha visão, não obscurecem a qualidade do texto de vocês:

    1) Ao abordar a alimentação no Egito antigo, vocês falam que a mesma é conhecida atualmente graças ao estudo de historiadores em parceria com outros profissionais, como os arqueólogos. Considerando que o Egito antigo começou a ser estudado pela Egiptologia também no século XIX, século de formação da disciplina - como também a História, como vocês mencionam - e que ela baseia-se grandemente em estudos arqueológicos, chegando até mesmo a influenciá-los, não seria o contrário?;

    2) Em relação ao ponto número 3 da proposta de atividade, ela ficaria dependente dos estudantes terem acesso a estes livros didáticos mais antigos a que vocês fazem referência, como na biblioteca da escola, por exemplo. A quem caberia suprir esta demanda?

    Obrigado!

    Victor Braga Gurgel

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    1. Boa tarde, senhor Victor Braga Gurgel. Agradecemos as expressões. Sobre a primeira pergunta: acreditamos que a arqueologia deu muitas contribuições para as pesquisas sobre a civilização egípcia, porque como o senhor reconheceu a própria Egiptologia se alimenta dos estudos arqueológicos.
      Quanto a sua segunda pergunta: se caso os alunos não tiverem esses livros em casa e se a escola também não possuir esses livros em sua biblioteca, o professor pode ficar responsável por consegui-los. Mais uma vez, obrigado.

      Por: Raimundo Nonato Santos de Sousa

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  5. Boa tarde, excelente texto, atenta para a importância da análise crítica dos livros didáticos no ensino básico, que contribui para a melhora da construção do conhecimento histórico escolar, sobre a renovação da produção histórica liderada pela escola dos annales, que privilegia o estudo da sociedade e da cultura, em detrimento da história política, dos grandes feitos e lideranças. Com base nas proposições de Walter Benjamim acerca da construção da história, como um exercício que parte do micro para o macro, o recurso a uma micro-história, cultural e social do Egito Antigo, poderia ser uma alternativa para a construção didática, fugindo da história monumental característica do ensino de História do Egito Antigo?
    Pâmella Holanda Marra

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    1. Muito obrigada pelo comentário Pâmella Holanda Marra, quanto a sua pergunta, podemos indicar no texto que sim! A percepção da história como um cenário amplo de possibilidades faz com que possamos entender o mesmo contexto de variadas formas, neste sentido a implementação de novas visões no cenário escolar são sempre validas, na medida que acrescentam no conhecimento do aluno. Questões pontuais abordadas no decorrer do texto podem esclarecer isto, dentre elas a visão social da mulher no Egito, a utilização do rio Nilo nas mais diversas formas, entre outras discussões acrescentam um olhar diferente ao mesmo espaço, o Egito antigo.

      Obrigado novamente!

      atenciosamente
      Ruan David Santos Almeida

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  6. Boa tarde, Raimundo Nonato S. Sousa e Ruan David S. Almeida!

    O texto apresenta as discussões culturais sobre o Egito Antigo como evidência da influência dos Annales na historiografia brasileira, tanto na produção acadêmica (por exemplo, o livro "O Egito Antigo", de Ciro Flamarion S. Cardoso, 1986), quanto em livros didáticos (por exemplo, "Das Cavernas ao Terceiro Milênio", de Patrícia R. Braick e Myriam B. Mota, 2016). Além da abordagem cultural, quais elementos podem evidenciar a influência dos Annales no livro didático utilizado como fonte no estudo? Como essas evidências se apresentam (diluídas no texto, em seções à parte, atividades, dentre outros)?

    Pablo Eduardo da Rocha Souza

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    1. Muito obrigado pelo comentário Pablo Eduardo, as influencias são as mais diversas, podemos perceber, por exemplo, dentro das novas possibilidades de analise perpetuada pelos Annales, o surgimento de novos sujeitos, fatos antes não percebidos pela história, são questões importantes pois atuam de maneira direta na conjuntura do livro didático, a ampliação dos campos da história também faz com que possamos ver diferentes visões emergindo a partir da semente plantada pelos Annales.

      Obrigado novamente!
      Atenciosamente;

      Ruan David Santos Almeida

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  7. Olá, gostaria de parabenizar os autores a respeito da temática. Nesse sentido, questiono: vocês acreditam que os livros didáticos atuais também deveriam se utilizar de literatura clássica para melhor compreensão do período? Pergunto porque atualmente os livros didáticos pouco citam alguma produção referente ao período e quando realizam é somente através de box ou textos resumidos e geralmente não trabalhados em sala de aula. Percebo que no texto vocês citam: "a cada ano que passa, novas pesquisas são desenvolvidas reiterando ou redefinindo fatos históricos já conhecidos e que as escolas da Educação Básica não acompanham essas mudanças no modo como o passado humano é pensado nas universidades" e gostaria de saber o que vocês tem a dizer sobre esse a temática a partir da experiencia de escrita do trabalho.


    Gizeli da Conceição Lima.
    UFPI
    Teresina- PI.

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    1. Gizeli da Conceição Lima, boa noite.
      Obrigado pelas expressões.
      Sim, acreditamos que o uso da literatura clássica em sala aula pode ser muito vantajoso. É claro, que esse uso deve se adequar às circunstâncias dos alunos da Educação Básica.

      Por: Raimundo Nonato Santos de Sousa

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