POSSIBILIDADE DE DIÁLOGO ENTRE HISTORIOGRAFIA E ENSINO DE
HISTÓRIA A PARTIR DO LIVRO DIDÁTICO: UM ESTUDO DE CASO SOBRE O EGITO ANTIGO
Considerações
iniciais
O
presente texto tem por objetivo refletir sobre o impacto da produção
historiográfica na escrita do livro didático e consequentemente no ensino de História
na Educação Básica. No que diz respeito à estrutura, esse texto se divide em
quatro partes centrais. Na primeira, são realizados alguns apontamentos sobre a
mudança no modo de se produzir o conhecimento histórico, ocorrida na primeira
metade do século XX. A que a sucede trata sobre alguns aspectos da história do
Egito Antigo como exemplificação da renovação epistemológica processada na
história. Na terceira, é apresentado um exemplo do impacto desta renovação na
produção do livro didático de história. E na quarta, é proposta uma atividade
para refletir em sala de aula sobre a relação entre história, historiografia e
conhecimento histórico a partir do livro didático.
Da
História positivista à História nova
O
século XIX foi marcante para o estudo do passado humano. Pois, foi nele que a
História se institucionalizou enquanto ciência dotada de métodos e de um objeto
de estudo definido. O interessante é que o século XIX também foi marcado pela
consolidação dos Estados-Nacionais na Europa, assim como na América Latina.
Essa relação, por certo, nos diz muito sobre o caráter da corrente
historiográfica que se estruturou no período oitocentista. [Peterson; Lovato,
2013]
Em
vista da aproximação entre a história e a política, a corrente historiográfica
do século XIX se concentrou em exaltar grandes feitos, fatos e nomes, com o
fito de garantir a construção de uma identidade nacional para os Estados
recém-consolidados. Nessa conjuntura, não havia espaço para a singularidade dos
grupos, visto que o foco residia apenas sobre o que se concebia como ‘comum’ a
uma coletividade. Como consequência, a produção historiográfica dessa época se
caracterizou por uma preocupação com a universalidade e a objetividade.
Esse
traço era tão forte que os historiadores não podiam usar nas suas pesquisas
outras fontes que não fossem aquelas tipificadas como oficiais – geralmente
estas fontes se limitavam aos documentos com autenticação oficial. A razão
disso encontra-se no fato de que na época a História era fortemente
influenciada pelo Positivismo, ao ponto de os historiadores pretenderem
produzir um conhecimento histórico que fosse científico, universal e
principalmente isento de intencionalidades particulares [Peterson;
Lovato, 2013]. Esses historiadores ficaram conhecidos como historiadores
positivistas.
É
claro que o intento dos historiadores positivistas do século XIX não era
compatível com a realidade, uma vez que é impossível, como foi reconhecido mais
tarde, produzir uma narrativa histórica isenta de intencionalidade e
finalidade. Como se vê, o século XIX legou para a posteridade um modelo de
história assumidamente compromissado com o aspecto político e que se
caracterizaria como uma história factual, narrativista, e, por conseguinte
distante da vida dos homens, ditos, comuns.
Esse
modelo de historiografia foi combatido aguerridamente ainda na primeira metade
do século XX pelos historiadores dos Annales – grupo surgido no ano de 1929 com
o lançamento da revista “Annales d’histoire économique et sociale”. Para os
historiadores desse grupo – notadamente representado por Lucien Paul Victor Febvre e Marc Léopold Benjamim
Bloch – a história deve está voltada não somente para alguns homens de
notoriedade política, mas sim para todos os homens. [Le Goff, 1995]
Nisso
fica explícita a concepção de história dos Annales;
concepção esta que diz que a história é a ciência que se dedica ao
estudo dos homens no tempo [Le Goff, 1995]. Esse novo entendimento sobre a
história sinaliza a abertura dessa ciência a uma multiplicidade de
objetos, fontes e interesses, até então desconsiderados pelos pesquisadores da
área [Peterson; Lovato, 2013]. Com isso, a história deixa de ser singular e se
torna plural, estando, desse modo, comprometida não apenas com os grandes
nomes, feitos e fatos, mas também e, sobretudo, com a pluralidade da existência
dos homens no passado.
Tratando
sobre esse período de renovação epistemológica na ciência histórica o
historiador Jacques Le Goff [1995], que integrou a terceira geração dos
Annales, diz que a primeira metade do século XX foi determinante para a
reconfiguração da história enquanto ciência, pois a partir dessa época a
história deixou de focalizar o estudo das personalidades políticas e voltou
suas lentes para o cotidiano das pessoas no passado, contemplando com
isso os mais variados aspectos da experiência humana no tempo. O dito
historiador chama esse modelo de história de História nova. [Le Goff,
1995]
Para
mais, a mudança no objeto de estudo da história veio acompanhada da modificação
no conceito de fonte histórica. Nos dizeres de Le Goff (1995), a história nesse
período: “[...] ampliou o campo do documento histórico [...]”. [Le Goff, 1995,
p. 28] Isso porque a partir dos Annales o conceito de fonte histórica se
dilatou e passou a incluir fotografias, artefatos arqueológicos, obras
literárias, dados estatísticos, testemunhos orais e tudo que tiver relação com
os homens e que possa mediar a relação entre o historiador e o seu objeto
pesquisado. [Boch, 2001]
Em
adição, cabe destacar que outra contribuição dada pelos Annales diz respeito ao
diálogo que a história passou a estabelecer com outras ciências que igualmente
estudam o homem, a exemplo da Geografia, Arqueologia, Antropologia, Sociologia
e Psicologia [Le Goff, 1995]. Tal diálogo se tornou possível porque, conforme
Le Goff [1995], a história para os Annales só consegue alcançar seu objetivo de
contemplar as múltiplas dimensões da experiência dos homens no tempo a partir
do diálogo com outras ciências. Esse ponto é confirmado por Marc Bloch [2001],
para quem o conhecimento histórico só pode ser produzido a partir da
colaboração das outras áreas do conhecimento que estudam o homem. [Bloch, 2001]
Sem
dúvida, o diálogo com outras ciências proporcionado pelos Annales foi muito
importante, porque representou o esforço dos historiadores em: “[...] saltar os
muros, derrubar as divisões que separavam a história das ciências vizinhas
[...]”. [Le Goff, 1995, p. 30] Le Goff [1995] ainda observa que, ao contrário
dos positivistas, os historiadores dos Annales defendem que a principal
finalidade da história é a de ajudar a compreender o presente a partir do
estudo do passado; e para isso ocorrer, o envolvimento do pesquisador com seu
objeto não é só possível como também é necessário, haja vista que o primeiro
lança sobre o segundo as suas inquietações do presente.
Por
um exemplo da renovação epistemológica na História: o caso do Egito Antigo
É nesse contexto de ampliação das
possibilidades de pesquisa em História que o conhecimento sobre os aspectos
culturais das civilizações do passado se diversificou. Como exemplo da
renovação historiográfica ocorrida ainda na primeira metade do século XX com os
Annales, esta seção tratará sobre os aspectos culturais do Egito Antigo, os
quais, na perspectiva da história positivista do século XIX, não seriam
investigados pelos historiadores.
O Egito é uma das civilizações mais
antigas, complexas e enigmáticas da história. Essa civilização, situada
geograficamente entre o continente africano e o oriente médio, nos legou muitos
conhecimentos relacionados à matemática, astronomia, medicina, farmacologia e à
arquitetura. Além de ser uma das mais longevas, complexas e importantes
civilizações, o Egito também é, por certo, uma das que mais instigam o nosso
interesse e curiosidade.
O Egito Antigo se trata do primeiro reino
unificado conhecido até hoje e do único que possui uma grande riqueza
documental sobre sua existência, a qual nos informa tanto sobre os aspectos políticos
como também sobre os aspectos culturais do seu povo. [Cardoso, 1986]
Apesar
de apontar “a falência da ‘hipótese casual hidráulica’”, o historiador
brasileiro Ciro Flamarion S. Cardoso [1986] no livro O Egito Antigo,
afirma que a agricultura e a criação de animais no Egito Antigo só foram
possibilitadas pela existência do rio Nilo. Quando esse historiador fala sobre
a falência da hipótese causal hidráulica, ele está se referindo à falta
de sustentação da teoria de que a unificação do Egito Antigo, ocorrida por
volta de 3000 a.C., teria ocorrido como consequência da existência do rio Nilo
e do uso da irrigação. A razão disso, segundo Cardoso [1986], está no fato de
que fatores como a guerra, a conquista e o militarismo também podem ter
contribuído para a centralização política da civilização egípcia.
Apesar
disso, a importância do rio Nilo para esta civilização é indiscutível. O rio
Nilo era tão prestigiado no Egito Antigo, que para os egípcios o ato de sujar
ou até mesmo de desviar indevidamente as águas do rio se enquadrava em um
pecado muito grave e socialmente condenável, que era julgado com severidade
pelas autoridades responsáveis. [Cardoso, 1986]
Além
disso, o comércio egípcio foi muito beneficiado pelo rio Nilo. Comprovando isso,
Cardoso [1986] diz que no Egito Antigo o comércio externo foi possibilitado por
esse rio, o qual facilitou o deslocamento e as transações comerciais entre os
egípcios e povos da região, como por exemplo, os fenícios, com quem os egípcios
comumente estabeleciam tratos comerciais. Além disso, o artesanato egípcio
deveu muito ao rio Nilo, haja vista que parte dos produtos artesanais
produzidos eram feitos a partir de materiais retirados deste rio.
Quanto
à religião no Egito Antigo, vale destacar que ela se institucionalizou a partir
da aglomeração de organizações administrativas provinciais e era empregada como
ferramenta ideológica pelo faraó para garantir a unidade na sociedade egípcia.
A religião também expressava, nesse contexto, a estratificação do poder na
sociedade dos egípcios, uma vez que existia o culto oficial destinado às
pessoas de prestígio social e o culto popular que, como o próprio nome
sugere, voltava-se para os indivíduos dos segmentos populares. [Cardoso, 1986]
Para mais, é importante mencionar que os túmulos egípcios são as mais
conhecidas fontes de estudo sobre a religião do povo do Egito Antigo. [Cardoso,
1986]
Também,
é possível perceber a influência das águas do rio Nilo na elaboração das
crenças do povo egípcio. João Vicente de Oliveira [2002] em seu artigo “Egito,
presente do Nilo” garante que o rio Nilo influenciava a vida dos egípcios nos
planos social, cultural e mental. Com isso, conclui-se que o rio Nilo não foi
apenas importante para o surgimento e o desenvolvimento da civilização egípcia.
Pois, ele também colaborou para a estruturação da vida dos egípcios,
influenciando sua cultura, sociedade, seu imaginário e, inclusive, a sua
cosmovisão de mundo. [Cardoso, 1986]
À
base do que foi apresentado, percebe-se que novos aspectos da história do Egito
Antigo têm sido privilegiados na pesquisa em história, sem dúvida graças às
contribuições dadas pelos Annales.
Por
um exemplo do impacto da renovação historiográfica na escrita do livro didático
de História: o caso do Egito Antigo
Os
ecos da renovação historiográfica proporcionada pelos Annales têm chegado à
Educação Básica por meio dos livros didáticos. As informações que se seguem
apresentam uma breve análise sobre o modo como o Egito Antigo é tratado no
livro didático “História: das cavernas ao terceiro milênio” de Patrícia Ramos
Braick e Myriam Becho Mota. O livro supracitado foi publicado pela editora
Moderna em 2016 e destina-se aos alunos do 1º ano do Ensino Médio. O capítulo
4, que trata sobre o Egito Antigo, além de abordar sobre os aspectos políticos,
econômicos e sociais da civilização egípcia também reserva espaço para os
aspectos culturais desse povo. Por exemplo, sob o tópico “A mulher no Egito
Antigo”, Braick e Mota [2016] dizem que:
“Na
Antiguidade, o Egito era a única civilização na qual a mulher tinha um status
igual ao do homem. Pesquisadores chegaram a essa conclusão ao encontrar
evidências de que elas podiam ir e vir com liberdade, abrir processos, dispor
livremente de seus bens, tomar a iniciativa do divórcio, além de possuir os
mesmos direitos à herança que os homens. Apesar da grande desvantagem numérica
em relação aos homens, algumas ocupavam cargos na administração do Estado e
exerciam funções sacerdotais. Até mesmo a função de faraó foi exercida por mulheres
em diferentes dinastias: Sobekneferu [1806-1802 a.C.], Hatchepsut [1473-1458
a.C.] e Tausert [1193-1190 a.C.]”. [Braick; Mota, 2016, p. 59]
Além
de tratar sobre a condição da mulher no Egito Antigo, as autoras também abordam
sobre a alimentação dos egípcios, sob o tópico “A dieta egípcia”, no qual elas
dizem que:
“As
pinturas em murais e os objetos encontrados em templos e sepulturas revela que
o pão e a cerveja eram alimentos básicos da dieta egípcia na Antiguidade. Tanto
o pão quanto a cerveja eram feitos com trigo e cevada, alimentos com grande
teor nutricional obtidos por meio da agricultura, principal atividade econômica
egípcia. Para a produção da cerveja, os cereais eram misturados com levedo e
água e, após a fermentação, a bebida era finalizada com ervas ou tâmaras. Os
egípcios também consumiam rabanete, pepino, alho e cebola, leguminosas – fava,
ervilha e grão-de-bico – e frutas, principalmente uva, tâmara, figo e melão. A
carne de bovinos e caprinos era consumida principalmente pelos mais ricos. Para
adoçar certos alimentos e bebidas, eles usavam mel, que era armazenado em
recipientes de pedra”. [Braick; Mota, 2016, p. 60]
Como
se vê, a alimentação dos egípcios no Egito Antigo hoje é conhecida, graças aos
estudos realizados por historiadores em parceria com outros pesquisadores, a
exemplo de arqueólogos. Para mais, Braick e Mota [2016] também tratam sobre o
cotidiano dos egípcios no tópico “Outros aspectos do cotidiano”, como se
percebe na citação a seguir:
“As
casas eram construídas em locais elevados para não serem atingidas pelas
inundações do Nilo. Os mais pobres moravam em casas pequenas feitas de barro,
junco e madeira, praticamente sem mobília. As famílias ricas moravam em casas
construídas com tijolos de barro, colunas de pedra e telhado de madeira, com
vários cômodos e ricamente mobiliadas. Nas áreas urbanas, as casas eram
próximas umas das outras, e as mais ricas tinham geralmente mais de um andar.
No campo, os nobres mandavam construir residências amplas com jardins, pátios e
várias dependências. As roupas dos egípcios eram leves, a maioria feita de
linho. Grande parte da população não utilizava peças tingidas, apenas decoradas
com pregas. Somente os mais ricos usavam tecidos tingidos e se enfeitavam com
joias. Os homens usavam um tipo de saia e as mulheres, vestidos longos. As
crianças frequentemente ficavam nuas e tinham a cabeça raspada para facilitar a
higiene. A natação, a caça e a luta eram esportes populares no Egito Antigo. Os
jogos de tabuleiro também eram muito apreciados, e as crianças brincavam com
bolas de couro, carrinhos, peões e bonecos”. [Braick; Mota, 2016, p. 61]
Neste
livro, as autoras também se referem ao processo de mumificação dos egípcios,
dizendo que:
“A
técnica aplicada variava de acordo com os recursos e o estrato social do
falecido. A forma mais elaborada de mumificação seguia, de maneira geral, o
seguinte padrão: os sacerdotes lavavam o corpo do morto com água e essências
aromáticas; retiravam o cérebro pelo nariz com finas pinças de ferro e o descartavam;
depois, retiravam outros órgãos por um corte lateral na altura do abdômen e os
colocavam em vasos chamados canopos, que seriam deixados ao lado do sarcófago.
O coração era considerado pelos egípcios o centro da inteligência e da força
vital dos indivíduos e, por isso, ele geralmente permanecia no corpo. Após a
retirada dos órgãos, o corpo era coberto por um sal conhecido como natrão e
permanecia assim por cerca de 40 dias para desidratar. Passado esse período, o
corpo era lavado com óleos aromáticos, goma-arábica e cominho e, depois,
coberto com betume. Finalmente, o corpo era enrolado com bandagens de linho
fino, entre as quais eram colocados joias e amuletos para protegê-lo. Depois
disso, pronto, o corpo podia ser depositado em um sarcófago de madeira simples
ou ornado com ouro. Poucos egípcios podiam arcar com os altos custos da
mumificação. Os mais pobres simplesmente eram envoltos em uma mortalha de linho
e depositados nas areias do deserto para que a aridez do ambiente os
conservasse”. [Braick; Mota, 2016, p. 62]
Pode-se
notar que o livro “História: das cavernas ao terceiro milênio” de Patrícia
Ramos Braick e Myriam Becho Mota insere-se na corrente historiográfica iniciada
pelos Annales, por valorizar os aspectos culturais do povo egípcio na Antiguidade,
o que permite em consequência aos alunos terem uma compreensão mais ampla sobre
a história do Egito Antigo.
Atividade
para discussão do tema em sala de aula
A
presente proposta de atividade visa empregar o livro didático em sala de aula como
um recurso capaz de fomentar reflexões sobre correntes historiográficas durante
as aulas de História. Essa proposição destina-se aos alunos da 1ª série do
Ensino Médio, pois é nesta série que o conteúdo referente à introdução ao
estudo da História é ministrado. A atividade se estrutura nas seguintes etapas:
1. Primeiro, o/a professor/a explica para a
turma o que são a História Positivista e a História Nova apresentando também
suas principais características e seus representantes;
2. Em seguida, o/a professor/a apresenta como
exemplificação para a turma dois exemplos de narrativas históricas de livros
didáticos inseridas em cada uma destas correntes – seria interessante o/a
docente pedir para a turma analisar as duas narrativas e dizer à qual corrente
historiográfica cada uma delas pertence;
3. Após isso, o/a professor/a pedirá
para a turma pesquisar em livros didáticos de história de autores e décadas
diferentes duas versões de narrativas – cada uma inserida em uma das duas
correntes historiográficas supracitadas – sobre fatos históricos ligados à
história do Egito Antigo;
4. Depois de informar isso, o/a professor/a
definirá uma data para apresentação e discussão das pesquisas dos alunos. O/a
professor/a poderá aproveitar essa atividade para mostrar para a turma que o
conhecimento histórico é produto de uma apropriação interpretativa do passado,
cujo enfoque varia a depender da intencionalidade de quem o produz.
Considerações
finais
Ainda
que se reconheça que nas universidades, a cada ano que passa, novas pesquisas
são desenvolvidas reiterando ou redefinindo fatos históricos já conhecidos e
que as escolas da Educação Básica não acompanham essas mudanças no modo como o
passado humano é pensado nas universidades, pode-se concluir, à base das
informações apresentadas neste texto, que as mudanças no modo como o
conhecimento histórico é produzido podem interferir na produção do livro
didático de História e consequentemente no ensino desta disciplina.
Referências
Raimundo
Nonato Santos de Sousa – É acadêmico do oitavo período do curso de História na
Universidade Estadual do Maranhão - UEMA, campus Caxias. Atualmente, atua como
pesquisador-bolsista PIBIC/UEMA e pesquisador-colaborador UNIVERSAL/FAPEMA.
Ruan
David Santos Almeida – É acadêmico do curso de Licenciatura em História
pela Universidade Estadual do Maranhão [UEMA], campus Caxias. Atua como
pesquisador-bolsista PIBEX-UEMA.
BLOCH, Marc Leopold Benjamin. Apologia da História ou
o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 2001. [Livro]
BRAICK, Patrícia Ramos; MOTA, Myriam Becho.
História: das cavernas ao terceiro milênio. 4 ed. – São Paulo: Moderna, 2016.
[Livro didático analisado]
CARDOSO, C. F. O
Egito antigo. São Paulo: Editora Brasiliense, 1986. [Livro]
LE GOFF, Jacques. A
História Nova. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
[Livro]
OLIVEIRA,
João Vicente Ganzarolli de. Egito, presente do Nilo, Phoînix: Rio de Janeiro,
v.08, n.1, 2002. 185 – 196 p. [Artigo]
PETERSEN,
Sílvia; LOVATO, Bárbara Hartung. Introdução ao estudo da história: temas e
textos. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 2013. [Livro]
Olá, Raimundo e Ruan!
ResponderExcluirTudo bem com vocês?
Parabéns pelo excelente trabalho.
Vocês se debruçaram sobre o livro didático - Ensino Médio - “História: das cavernas ao terceiro milênio”, das autoras Braick & Mota (2016), oferecendo-nos uma análise breve e competente. Ao término da leitura fiquei pensando sobre outros livros de História distribuídos na Educação Básica; nesse sentido, há pesquisa que replica o objetivo do estudo de vocês, mas a partir da análise dos livros didáticos do Fundamental II? Se sim, é possível indicar-me?
Obrigado e abraço.
Antonio José de Souza
(Itiúba/Bahia)
Boa madrugada/Bom dia, Antonio José de Souza. Muito obrigado pelo seu comentário. Infelizmente não temos conhecimento de nenhuma pesquisa com tal proposta. Foi, inclusive, em função disso que decidimos propor esta comunicação, cujo intuito é também incentivar o desenvolvimento de estudos que tenham esse direcionamento. De certo modo, isso é positivo porque nos faz ver um campo cheio de possibilidades que precisa ser explorado.
ExcluirPor: Raimundo Nonato Santos de Sousa.
Obrigado, Raimundo.
ExcluirForte abraço!
Olá,Raimundo e Renan
ResponderExcluirEspero que estejam bem!
Tendo como base os livros didáticos e as mudanças historiográficas, para além da proposta citada, de quais outas ferramentes dispomos para desperta o interesse do aluno pelo o estudo da História Antiga, visto que essa parte da matéria ainda é em muitas escolas trabalhada de maneira superficial?
Como condensar uma área tão extensa e cheias de particularidades, História Antiga e do Egito no geral, em um curto período de tempo, porém de forma profunda e memorável?
Parabéns pelo Trabalho!
Ficou super organizado, com uma linguagem simples e acessível para todos os públicos, além de trazer informações diretas e esclarecedores.
Claudio Oliveira Cavalcanti
(Jardim de Piranhas/RN)
Boa madrugada/Bom dia, Claudio Oliveira Cavalcanti. Muito obrigado pelo comentário. Agradecemos também os elogios. Sobre a sua primeira pergunta: Hoje, felizmente, contamos com uma variedade de ferramentas que podem tornar as aulas de história, com ênfase na Antiguidade, mais atrativas para o alunado; como por exemplo, filmes, documentários, HQ etc. Acredito aguerridamente que o uso consciente dessas ferramentas pode gerar muitos resultados positivos em sala de aula.
ExcluirSobre a sua segunda pergunta: Esse é um desafio que todos os professores de história precisam aprender a lidar. (In) Felizmente, existem na escola um cronograma e uma grade curricular que precisam ser atendidos. Na sua prática docente, o/a professor/a se apegando às suas possibilidades em sala de aula e usando as ferramentas certas pode trabalhar com a turma História Antiga de uma forma memorável, ainda que não seja de uma forma profunda como desejaria por causa das circunstâncias.
Por: Raimundo Nonato Santos de Sousa
Olá Raimundo Nonato e Ruan! Achei bem pertinente a questão suscitada por vocês no texto. Gostaria de saber qual a motivação para a escolha deste livro didático para análise?
ResponderExcluirJefferson Fernandes de Aquino
Bom dia, senhor Jefferson Fernandes de Aquino. Obrigado pelo comentário. Em resposta à sua pergunta, nós elegemos o livro "História: das cavernas ao terceiro milênio" da Patrícia Ramos Braick e da Myriam Becho Mota, porque esse livro apresenta os conteúdos históricos pelo viés cultural, o que permite uma compreensão mais ampla das civilizações da Antiguidade.
ExcluirPor: Raimundo Nonato Santos de Sousa
Bom dia, Raimundo e Ruan,
ResponderExcluirParabéns pelo texto, claro e preciso! Particularmente considero um tema bem pertinente!
Minhas perguntas são bem pontuais, e saliento que são apenas sobre detalhes, que, em minha visão, não obscurecem a qualidade do texto de vocês:
1) Ao abordar a alimentação no Egito antigo, vocês falam que a mesma é conhecida atualmente graças ao estudo de historiadores em parceria com outros profissionais, como os arqueólogos. Considerando que o Egito antigo começou a ser estudado pela Egiptologia também no século XIX, século de formação da disciplina - como também a História, como vocês mencionam - e que ela baseia-se grandemente em estudos arqueológicos, chegando até mesmo a influenciá-los, não seria o contrário?;
2) Em relação ao ponto número 3 da proposta de atividade, ela ficaria dependente dos estudantes terem acesso a estes livros didáticos mais antigos a que vocês fazem referência, como na biblioteca da escola, por exemplo. A quem caberia suprir esta demanda?
Obrigado!
Victor Braga Gurgel
Boa tarde, senhor Victor Braga Gurgel. Agradecemos as expressões. Sobre a primeira pergunta: acreditamos que a arqueologia deu muitas contribuições para as pesquisas sobre a civilização egípcia, porque como o senhor reconheceu a própria Egiptologia se alimenta dos estudos arqueológicos.
ExcluirQuanto a sua segunda pergunta: se caso os alunos não tiverem esses livros em casa e se a escola também não possuir esses livros em sua biblioteca, o professor pode ficar responsável por consegui-los. Mais uma vez, obrigado.
Por: Raimundo Nonato Santos de Sousa
Boa tarde, excelente texto, atenta para a importância da análise crítica dos livros didáticos no ensino básico, que contribui para a melhora da construção do conhecimento histórico escolar, sobre a renovação da produção histórica liderada pela escola dos annales, que privilegia o estudo da sociedade e da cultura, em detrimento da história política, dos grandes feitos e lideranças. Com base nas proposições de Walter Benjamim acerca da construção da história, como um exercício que parte do micro para o macro, o recurso a uma micro-história, cultural e social do Egito Antigo, poderia ser uma alternativa para a construção didática, fugindo da história monumental característica do ensino de História do Egito Antigo?
ResponderExcluirPâmella Holanda Marra
Muito obrigada pelo comentário Pâmella Holanda Marra, quanto a sua pergunta, podemos indicar no texto que sim! A percepção da história como um cenário amplo de possibilidades faz com que possamos entender o mesmo contexto de variadas formas, neste sentido a implementação de novas visões no cenário escolar são sempre validas, na medida que acrescentam no conhecimento do aluno. Questões pontuais abordadas no decorrer do texto podem esclarecer isto, dentre elas a visão social da mulher no Egito, a utilização do rio Nilo nas mais diversas formas, entre outras discussões acrescentam um olhar diferente ao mesmo espaço, o Egito antigo.
ExcluirObrigado novamente!
atenciosamente
Ruan David Santos Almeida
Boa tarde, Raimundo Nonato S. Sousa e Ruan David S. Almeida!
ResponderExcluirO texto apresenta as discussões culturais sobre o Egito Antigo como evidência da influência dos Annales na historiografia brasileira, tanto na produção acadêmica (por exemplo, o livro "O Egito Antigo", de Ciro Flamarion S. Cardoso, 1986), quanto em livros didáticos (por exemplo, "Das Cavernas ao Terceiro Milênio", de Patrícia R. Braick e Myriam B. Mota, 2016). Além da abordagem cultural, quais elementos podem evidenciar a influência dos Annales no livro didático utilizado como fonte no estudo? Como essas evidências se apresentam (diluídas no texto, em seções à parte, atividades, dentre outros)?
Pablo Eduardo da Rocha Souza
Muito obrigado pelo comentário Pablo Eduardo, as influencias são as mais diversas, podemos perceber, por exemplo, dentro das novas possibilidades de analise perpetuada pelos Annales, o surgimento de novos sujeitos, fatos antes não percebidos pela história, são questões importantes pois atuam de maneira direta na conjuntura do livro didático, a ampliação dos campos da história também faz com que possamos ver diferentes visões emergindo a partir da semente plantada pelos Annales.
ExcluirObrigado novamente!
Atenciosamente;
Ruan David Santos Almeida
Olá, gostaria de parabenizar os autores a respeito da temática. Nesse sentido, questiono: vocês acreditam que os livros didáticos atuais também deveriam se utilizar de literatura clássica para melhor compreensão do período? Pergunto porque atualmente os livros didáticos pouco citam alguma produção referente ao período e quando realizam é somente através de box ou textos resumidos e geralmente não trabalhados em sala de aula. Percebo que no texto vocês citam: "a cada ano que passa, novas pesquisas são desenvolvidas reiterando ou redefinindo fatos históricos já conhecidos e que as escolas da Educação Básica não acompanham essas mudanças no modo como o passado humano é pensado nas universidades" e gostaria de saber o que vocês tem a dizer sobre esse a temática a partir da experiencia de escrita do trabalho.
ResponderExcluirGizeli da Conceição Lima.
UFPI
Teresina- PI.
ExcluirGizeli da Conceição Lima, boa noite.
Obrigado pelas expressões.
Sim, acreditamos que o uso da literatura clássica em sala aula pode ser muito vantajoso. É claro, que esse uso deve se adequar às circunstâncias dos alunos da Educação Básica.
Por: Raimundo Nonato Santos de Sousa