O USO DA ARTE NO ENSINO DA ANTIGUIDADE TARDIA
Não
há consenso, entre os historiadores, sobre os marcos do fim da Antiguidade e do
início da Idade Média. Cândido da Silva [2010], inclusive, defende que a
problemática da transição é um dos questionamentos mais importantes da
História, existindo cerca de 210 hipóteses para determinar esses marcos.
Tal
situação ocorre porque, segundo Guarinello [2003], a História Antiga e a
História Medieval são “formas” criadas – de forma artificial e posteriormente a
esses períodos – com o intuito de dividir e ordenar uma memória social
específica: a ocidental. E justamente, por serem criações, são passíveis de
crítica.
Se
repensarmos as “formas” poderemos repensar, por conseguinte, o modo como as
fronteiras são criadas. Barros [2009] afirma que, há muito tempo, existem
historiadores que criam delimitações cronológicas distintas para esses marcos:
Antiguidade Tardia, Baixo Império Romano, Primeira Idade Média e/ou Alta Idade
Média. Para cada delimitação há, ainda, noções de queda, declínio, decadência,
desagregação, construção, adaptação e inovação.
Nosso
objetivo, nesse artigo, é apresentar duas questões: 1] como a literatura sobre
o Ensino de História lida com a problemática da linearidade temporal; 2] como a
Historiografia da transição critica a cronologia tradicional; e 3] como essas
críticas podem ser trabalhadas em sala de aula. Para tanto, apresentaremos a
utilização da Antiguidade Tardia no questionamento da linearidade e da
sequencialidade da divisão quadripartite do tempo. Acreditamos que contabilizar
as múltiplas visões a respeito de um período permite desvendar a abundância de
tempos e narrativas, bem como compreender que as transformações temporais não
tão abruptas.
O
Ensino de História no Ensino Fundamental
Elegemos
a reflexão acerca da divisão do tempo, porque, de acordo com Bezerra [2007, p.
44], “a dimensão da temporalidade é considerada uma das categorias
centrais do conhecimento histórico”. E ela detém essa centralidade porque a
temporalidade é um produto cultural forjado pelas sociedades, historicamente
situadas. Em suas palavras:
“O
conceito de tempo supõe [...] relações entre continuidade e ruptura,
permanências e mudanças/transformações, sucessão e simultaneidade, o
antes-agora-depois. Leva-nos a estar atentos e fazer ver a importância [...]
[d]os diversificados ritmos do tempo histórico [...] na duração dos fenômenos
sociais e naturais. E justamente [tal] compreensão [...] que permite o
exercício explicativo das periodizações, que são frutos de concepções de mundo,
de metodologias e [...] de ideologias diferenciadas [idem, p. 45].
Nadai
e Bittencourt [2012, p. 73] concordam com Bezerra. Todavia, consideram que
ensinar o tempo histórico é em um grande desafio aos professores. Aos que
pretendem enfrentar tal dificuldade, recomendam que o trabalho seja feito para
além da localização nos séculos e da periodização quadripartide, ou seja,
afastando-se da noção quantitativa que as datas nos passam, adotando, assim, o
método qualitativo (o significado), na medida em que é um produto cultural de
certas sociedades.
Tais
questões são evidentes na legislação acerca do Ensino de História. Ao
observarmos, por exemplo, a BNCC [2017], notamos que o documento traz a
orientação de que o conhecimento histórico deve ser construído a partir de
reflexões sobre “a forma como os indivíduos construíram, com diferentes
linguagens, suas narrações sobre o mundo em que viveram e vivem, suas
instituições e organizações sociais” [p. 397]. E o mesmo vale para as
periodizações. Demonstrar, assim, como elas são produtos das sociedades no
tempo é produzir conhecimento histórico. Mas como podemos fazer isso? A partir
do uso de fontes pelos alunos. Pois,
“é
fundamental considerar a utilização de diferentes fontes e tipos de documento
[escritos, iconográficos, materiais, imateriais] capazes de facilitar a
compreensão da relação tempo e espaço e das relações sociais que os geraram. Os
registros e vestígios das mais diversas naturezas [mobiliário, instrumentos de
trabalho, música etc.] deixados pelos indivíduos carregam em si mesmos a
experiência humana, as formas específicas de produção, consumo e circulação,
tanto de objetos quanto de saberes. Nessa dimensão, o objeto histórico
transforma-se em exercício, em laboratório da memória voltado para a produção
de um saber próprio da história” [p. 398].
Vimos,
portanto, que problematizar os significados das lógicas de organização
cronológica é uma das competências do Ensino de História. Pensando, então, em
fornecer aos professores do ensino básico uma ferramenta para abordarem essa questão
é que apresentamos a Antiguidade Tardia como um exemplo de produção do
conhecimento histórico em sala de aula. Ao final deste texto, apresentaremos
como as fontes materiais, no caso específico, as artísticas, são fundamentais
para que os discentes percebam como as transformações no tempo são muito mais
lentas do que a história eventual dos livros didáticos costuma apresentar.
A
Historiografia sobre a transição
De
acordo com Cândido da Silva [2019], as fontes contemporâneas ao período da
transição deram pouca importância à queda de Roma. Nada parece indicar que
houve uma conquista bárbara da antiga capital do Império, como sempre afirmam
os livros didáticos, por exemplo. O que houve foram apenas saques muito
pontuais. Por que, então, tal contexto tornou-se sinônimo de hecatombe?
Segundo o autor, porque as principais fontes do período foram redigidas por
cristãos, os quais elegeram os bárbaros como os culpados pela decadência moral
do Império.
Essa
visão prolongou-se até o Renascimento, cujos indivíduos, além de não entenderem
o topos retórico presente nas fontes cristãs, aceitaram-no como
verdadeiro para a economia, a cultura e os costumes. O problema disso, alega
Guarinello [2013], é que o Renascimento foi o momento onde surgiram os
vocábulos Antiguidade e Idade Média. O grande responsável foi o humanista
Petrarca, que, ao avaliar a literatura Antiga e Medieval, notou a existência de
uma diferença estética entre elas, cunhando as noções de lux, para a Antiquitas,
e de tenebrae, para a Media Aetas. Flávio Biondo, outro
humanista, foi além: cunhou o termo “declínio” para se referir à queda de Roma
e da civilização antiga.
Essas
marcações começaram a fazer parte da cronologia dos historiadores a partir do
século XV, devido aos trabalhos de Giovanni Andrea, um bibliotecário pontifical
e escritor de breviários. Em vista disso, a Idade Média, até o final do século
XVII, não existia como “forma” ou periodização, pois era denominada pelos
adjetivos “idade das trevas” ou “feudalidade” [Le Goff, 2015, p. 70-78].
Nos
séculos XVIII e XIX, surgiu, na Europa, a ambição de transformar a História
Antiga e a História Medieval em Histórias Universais. Leite [2017] esclarece
que a História Universal se tornou uma ambição dos Estados Nacionais, como a
ciência das suas origens. Tal movimento impôs uma visão eurocêntrica aos
tesouros literários e artísticos, ao patrimônio das nações ocidentais
civilizadas em detrimento dos não civilizados (bárbaros). Nessa lógica, o tempo
passou a ser entendido como linear e evolutivo, indo do mais simples ao mais
complexo. Por consequência, o período medieval, consolidou-se como o “meio”,
sendo lido como o período de interrupção da linha crescente da civilização.
Ainda
assim, houve quem defendesse a civilização feudal como a época europeia mais
elevada. Jules Michelet, por exemplo, afirmou: “a Idade Média é aquilo que
amamos, aquilo que nos amamentou quando pequenos, aquilo que foi nosso pai e
nossa mãe, aquilo que nos cantava tão docemente no berço” [Franco Júnior, 2006.
p. 16].
Nesse
ínterim, houve também quem tentasse repensar a própria transição da Antiguidade
para a Idade Média. Em 1688, o historiador Christoph Cellarius definiu a Idade
Média como o período que vai do imperador Constantino até a tomada de Constantinopla,
pelos turcos. Tese interessante que dava uma espécie de sobrevida à Antiguidade
[Le Goff, 2015]. Por sua vez, Alois Riegl, em 1893, percebeu que o período da
transição não era o resultado da decadência artística provocada pelos bárbaros,
mas sim um período testemunhador do surgimento de um novo tipo de produção, com
uma lógica própria: os artistas da época buscavam atingir a transcendência, e
não mais os padrões clássicos. Como resultado, Riegl cunhou o termo Spätantike,
“Antiguidade Tardia” [Guarinello, 2003].
No
século XX, o foco de análise mudou. O que antes estava centrado na política,
nas artes e na moral, passou a ser visto sob o prisma cultural e econômico.
Karl Marx, inclusive, foi o precursor desse último. Em seu livro, Formações
econômicas pré-capitalistas, observou que a passagem da Antiguidade
à Idade Média se deu com a substituição do modo de produção escravista pelo
modo de produção feudal, ou seja, com a substituição da posse da terra antiga
pela posse da terra germânica, calcada na exploração campesina.
O
axioma marxiano influenciou uma vasta gama de intelectuais posteriores, dentre
eles, Rostovtzeff [1926], Ste. Croix [1981] e
Wickham [1984]. O primeiro construiu um modelo social
e econômico para o fim do Império Romano semelhante à Revolução Russa,
argumentando que a queda ocorreu graças às revoltas campesinas e militares do
século III, as quais inauguraram um Estado militar burocrático que suprimia a
liberdade individual e eliminava a burguesia. Por sua vez, Ste. Croix construiu
um modelo econômico pautado no fim da pax Augusta, sustentando que ela
diminuiu o número de escravos e levou os produtores a gerarem a sua própria
mão-de-obra [coloni]. À tal realidade, somaram-se as cobranças de
impostos e a expansão da Igreja, o que resultou no apoio da população pobre à
liquidação do Império pelos invasores bárbaros. Finalmente, Wickham construiu
um modelo econômico que estudava a coexistência dos modos de produção antigo e
medieval, entre os anos de 300 a 700. Para ele, o sistema feudal começou quando
os ricos proprietários passaram a ter um status social identificável
pela posse da terra.
Nas
últimas décadas, as pesquisas sobre a transição mudaram de maneira
significativa. As recentes escavações arqueológicas trouxeram novidades na
análise de manuscritos, túmulos, utensílios e construções. Nesse âmbito,
Magalhães de Oliveira [2015] defende que, para estudarmos a transição,
precisamos, inicialmente, atentarmos para qual parte do Império Romano estamos
a falar quando pensamos em decadência. Se olharmos somente para a economia, as
evidências arqueológicas revelam uma decadência, do século III ao V, na parte
ocidental do Império. A parte oriental continuou em resplendor econômico até o
século XV. Já o Norte da África, manteve um intenso e fervoroso crescimento nas
áreas da urbanização e do comércio até o século VII.
A
literatura também ajudou na revisão do tema. Os historiadores passaram a
contestar a opinião recorrente de que os últimos séculos do Império teriam sido
desprovidos de qualquer traço de inovação, em razão de uma suposta perda da
qualidade cultural. Marrou [1949], por exemplo, reavalia os séculos IV ao VI,
enxergando-os não como temporalidades marcadas por retrocessos ou pela
“germanização” da cultura antiga, mas pelo o surgimento de uma “nova e vigorosa
civilização”. E ainda acrescenta: é outra Antiguidade, outra civilização com
originalidade.
Essa
nova ideia popularizou-se com a obra A criação da Antiguidade Tardia, de
Brown [1971]. O autor observou que as expressões “declínio” e “queda” só podem
ser aplicadas às estruturas políticas das províncias ocidentais. A transição,
para ele, é a passagem de uma mentalidade identitária cívica [mundo clássico] a
uma mentalidade identitária religiosa [mundo medieval], ocorrida do século II
ao VIII.
Por
fim, Carrié e Rousselle [1999] nos estimulam a refletir sobre a transição a
partir da perspectiva de mutação e não de ruína. Os autores enfatizam que a
representação catastrófica associada ao fim da Civilização Clássica é um legado
mal interpretado dos escritores antigos. Tais testemunhos, na visão dos
autores, não podem ser lidos de forma literal, devido à intensa carga moral que
carregavam. Logo, defendem que os séculos III, IV e V não configuram o fim de
um mundo nem o começo de outro, mas ambas as possibilidades
simultaneamente.
Até
aqui, vimos, então, algumas interpretações da transição da Antiguidade para a
Idade Média. Em resumo, podemos dividi-las em três grupos: 1] Queda ou
Declínio, composta por autores que analisam o momento em que ocorreu a
falência do Império Romano; 2] Decadência, formada pelos autores que
entendem a Idade Média a partir de conceitos depreciativos; 3] Desagregação,
constituída pelos autores que observam as transformações como construções,
adaptações e inovações. A partir desse ponto, debateremos sobre as
possibilidades de usarmos tais discussões no Ensino de História Antiga e
Medieval.
A
Arte e o Ensino da Antiguidade Tardia
Começaremos
dizendo o que é Arte. Para Coli [1995], Arte é um “objeto” histórico com suas
próprias funções e seu próprio contexto, o qual sofreu diversas interpretações
ao longo do tempo. Dito isso, analisaremos dois objetos artísticos. O primeiro
é uma ânfora, produzida entre os séculos IV e V d.C., e encontrada no século
XVII na costa de Baratti, no noroeste da Toscana. Ela é feita de prata e possui
7 linhas, com 134 medalhões. Vejamos três imagens:
Fonte:
http://www.toscanacostaetrusca.it/en/from-shipwreck-to-a-new-life-the-story-of-baratti-silver-amphora/
Fonte:https://commons.wikimedia.org/wiki/File:MAP_-_Amphora_Baratti_8_Athene.jpg
A
ânfora é importante para demonstrar que os anos finais do Império Romano não
foram marcados pelo fim repentino da cultura antiga. Isso por dois motivos: 1]
o formato da ânfora evidencia que o seu modo de fabricação permaneceu o mesmo
por muito tempo, pois ela se assemelha às ânforas de séculos anteriores; 2] a
presença de imagens de deuses antigos o zodíaco, das quatro estações do ano, de
dançarinos, de músicos e de deuses antigos, como Atena, Cibele, Zeus, Hera,
Afrodite, Atena, Apolo, Ares, Dionísio, revela que os temas pagãos sobreviveram
à origem do cristianismo.
O
segundo objeto é um sarcófago do século IV d.C. pertencente a um senador romano
chamado Júnio Basso. Ele é feito de mármore e possui temas bíblicos, do Antigo
e Novo Testamentos, destacados em relevo. É considerado um dos primeiros
exemplares da Arte Paleocristã. Observemos:
Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sarc%C3%B3fago_de_J%C3%BAnio_Basso#/media/Ficheiro:Tesoro_di_san_pietro,_sarcofago_di_giunio_basso.JPG
Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sarc%C3%B3fago_de_J%C3%BAnio_Basso#/media/Ficheiro:1058_-_Roma,_Museo_d._civilt%C3%A0_Romana_-_Calco_sarcofago_Giunio_Basso_-_Foto_Giovanni_Dall'Orto,_12-Apr-2008.jpg
O
sarcófago é um excelente exemplo da apropriação estilística clássica por parte
dos primeiros cristãos do período que chamamos de Idade Média. As figuras
dispostas como se fossem um filme desenrolando aos olhos dos expectadores
lembram as histórias narradas na Coluna de Trajano e nos Arcos do Triunfo
erigidos pelos imperadores romanos. Ademais, na segunda figura bidimensional, a
qual retrata Jesus e dois dos seus Apóstolos, percebemos que ela foi esculpida
dentro dos padrões do estilo artístico clássico, sendo o Messias representado
como um filósofo antigo [Gombrich, 2000].
Considerações
Finais
Uma
das tarefas mais importantes no Ensino de História é a crítica às cronologias,
à ideia do tempo linear e evolutivo. Um dos períodos que mais possibilita esse
exercício é a transição da Idade Antiga para a Idade Média. O breve debate
historiográfico que realizamos nesse artigo mostrou que a “forma” Antiguidade
Tardia foi criada para mostrar que a transição entre dois períodos distintos
não é tão repentina como a História eventual nos revela. Ademais, ela ajuda a
demonstrar que no meio do medieval ainda vivia algo do antigo, ou seja, que a
tradição clássica ainda estava viva nos anos do cristianismo. Tal concepção é
tão rica e profícua que, a nosso ver, precisa ser levada para a sala de aula,
para os livros didáticos, a fim de fazer os alunos refletirem sobre o fato de
as transições não serem estanques.
Referências
Ana
Lucia Santos Coelho é doutoranda em História Antiga na Universidade Federal de
Ouro Preto [UFOP]. Atualmente, trabalha como professora de Metodologia
Científica e de Estágio Supervisionado em História na Universidade Estadual de
Feira de Santana [UEFS]. E-mail: ana.scoelho@hotmail.com
Ygor
Klain Belchior é doutor em História Antiga pela Universidade de São Paulo
[USP]. Atualmente, é professor de História Antiga, História Medieval e História
da Arte da Universidade do Estado de Minas Gerais [UEMG – Campanha]. Email:
ygorklain@gmail.com
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ResponderExcluirOlá saudações! Levando-se em consideração a discussão deste tema, no que se refere ao ensino de História em sala de aula, esta concepção linear e progressista não contribuiu para que os alunos de Ensino Fundamental e Médio construissem este rótulo que consideram as aulas de História como monótonas?
ResponderExcluirCLÉSIO FERNANDES DE MORAIS
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ExcluirCom certeza. A própria noção de algo composto por datas leva à "decoreba" e à noção de que conhecimento histórico é um empilhado de fatos e datas. Criticar as cronologias e compreender o que há por trás delas é, de outra forma, mais instigante e, assim, construímos conhecimento histórico.
ExcluirDirijo a pergunta para Ygor Belchior e Ana Lucia: Qual seria a perspectiva de vocês sobre como a Antiguidade Tardia tem sido trabalhada nos livros didaticos? Ela é satisfatória ou pouco explorada. Cordialmente, Douglas Carneiro.
ResponderExcluirOi, Douglas! Muitos livros não trazem a questão da Antiguidade Tardia, muito embora já trabalhem com a Idade Média para além da noção de decadência, mas sim, a partir da ideia de que existe alguma continuidade entre o Antigo e o Medieval. Por isso o texto. É preciso pensar em estratégias para além dos livros, já que eles não costumam abordar o tema.
ExcluirBoa tarde, gostaria de sabe porque os livros didáticos do ensino fundamental o conteúdo com referência arte da antiguidade só se refere a os países do Egito,Grécia e Roma e omite as artes da cultura Asiática e cultura Africana ou pouco se fala sobre esses povos.
ResponderExcluirGERONILDO OLIVEIRA DA PAIXÃO.
Olá,
ExcluirA História da Arte é uma criação dos europeus. Começou com os florentinos e ganhou forma com os Austríacos no século XIX. Ela, da mesma foram que a a história dos homens, pertence a linha quadripartite e progressiva da história. Sendo assim, tal como a exigência de uma lei para colocar a história da áfrica na nossa história, acredito que a arte de outra matrizes precisa ser colocada no ensino.
Boa tarde!
ResponderExcluircomo discutido pelo artigo, o ensino de história em sala de aula é extremamente massificado pelas periodizações,fatos e datas que muitas das vezes incute interpretações alheias a realidade. A proposta da discussão, enquanto busca de elementos clássicos que vigoram a posteriori, como uma forma de transição ou síntese para o modo de produção feudal, em uma termologia marxiana, nos parece pertinente e eficaz para o entendimento das lentas modificações que ocorrem no campo cultural, semântico, político e afins. Eu gostaria de saber dos Professores/Pesquisadores se a utilização de elementos culturais de outros povos, seja no oriente próximo, extremo oriente, do continente Africano ou até mesmo das populações pré-colombianas, poderiam fornecer ferramentas que possibilitassem uma reflexividade maior de nossos estudantes em relação à relatividade histórica?
Olá,
ExcluirA História da Arte é uma criação dos europeus. Começou com os florentinos e ganhou forma com os Austríacos no século XIX. Ela, da mesma foram que a a história dos homens, pertence a linha quadripartite e progressiva da história. Sendo assim, tal como a exigência de uma lei para colocar a história da áfrica na nossa história, acredito que a arte de outras matrizes precisa ser colocada no ensino para colocar também mais periodizações.
Olá, boa noite. Ao ler o texto pude perceber que a "passagem" de uma Antiguidade para um Medievo se deu de forma gradual, com mescla de culturas e ainda com a permanência e o fim de diversos povos. É possível também perceber o papel da religião para elaborar uma visão do momento, ou seja, a religião cristã atuando no Império Romano antigo em seus tempos finais. Essa visão podendo ser de autores da época ou de contemporâneos, algo que possui carga para relatar o que ocorria. Sendo assim pergunto, é possível estabelecer uma visão da religião bárbara ao momento, mesmo que essa não seja a mesma comum a todos.
ResponderExcluirAgradeço pela leitura,
Nathalia de Campos Silveira
Elementos da religião "bárbara" permaneceram com o cristianismo. Há muitos costumes, representações e formas que não haviam antes dessa religião chegar no ocidente, lá adquiriu até formatos franco e irlandês.
ExcluirOlá, boa noite. Ao ler o texto, me chama atenção a questão das transições entre os períodos da idade antiga para a idade média, pois, acredito que é bem provável que essas transições ocorreram de forma lenta, mas, gradual. Pois toda ruptura, ainda assim carrega alguma permanência do período anterior e que aos poucos pode desaparecer, ou não, e nem por isso, na hipótese de que certa permanência do período anterior permaneça ainda que em um período "novo" na linearidade histórica, isso não prejudicaria em saber identificar em qual momento cronológico ocorre essa ruptura de um momento histórico para outro. Evidente que a história possui suas interpretações segundo o deleite do pesquisador em questão, então, muito provavelmente, a cronologia de certo tempo histórico, esteja atrelado a forma com que o historiador olha sua fonte e produz sua pesquisa.
ResponderExcluirEntender que exitem diferentes tempos nada tem a ver com cronologia. Existem tempos distintos, das estruturas, das conjunturas e dos eventos e eles podem ser avaliados em cronologias distintas.
ExcluirBoa tarde, em primeiro lugar gostaria de agradecer pelo artigo, acho necessário e importante essa discussão. Enquanto fazia a leitura fiquei pensando como a arte realmente pode contribuir para uma melhor compreensão dos assuntos abordados em sala de aula. Refleti sobre como isso teria ajudado durante o meu ensino médio e mudado a perspectiva sobre o tempo. Passar o conteúdo do livro sem atividades interativas, principalmente na disciplina de História, leva a noção que muitos têm sobre a mesma. "É só decorar a data" e etc. No entanto, é possível ensinar o que está além das datas do livro didático e fazer com que os alunos tenham uma perspectiva diferente da disciplina e sobre a temporalidade, além de despertar interesse nos assuntos. Ao mesmo tempo me pergunto sobre quais seriam os limites encontrados de tal execução na prática, visto que muitos professores sabem disso, mas não executam.
ResponderExcluirLuane França da Silva
A questão é ter formação para criticar a Arte. Muitos cursos focam nos documentos escritos e se esquecem que a cultura material e, da mesma forma, das metodologias de análise desses objeto. Ou seja, é preciso dar formação aos professores.
ExcluirAntes de tudo gostaria de enaltecer esse belo artigo, onde traz várias discussões sobre assunto envolvendo arte e antiguidade. O discurso realizado nos mostra como a arte é essencial para um melhor entendimento dos assuntos trabalhos dentro de uma instituição. Com isso trouxe-me à reflexão sobre como essa perspectiva poderia contribuir para uma melhor desenvoltura dos alunos de ensino fundamental e médio, e mudando sua visão sobre a transição dos períodos. Muitos fazem atividades sem muita interatividade ou então fazendo o aluno somente decorar períodos, datas e nomes, isso é o ápice de uma ineficácia profissional, ainda mais na disciplina de História. Entretanto, é possível ensinar vários assuntos e criar imensas discussões que vão além de datas ou nomes que possuem no livro didático e com isso faz com que os alunos tenham uma visão totalmente diferente nas transições de longos períodos, além de despertar vastos interesse nos assuntos abordados. Com isso, a pergunta que faço é, quais caminhos o historiador deve seguir para implementar esse exercício dentro de sala?
ResponderExcluirAlex Passos da Cruz
Acredito que o melhor caminho é a pesquisa. Cultura material se conhece com muito estudo e cursos. Sei que é puxado para um professor de ensino básico, mas a melhor maneira é se informar para saber criticar a Arte cientificamente. Recomendo dar uma olhada no seguinte curso: https://www2.unesp.br/portal#!/noticia/25798/unesp-oferece-pela-univesp-curso-gratuito-de--historia-da-arte/
ExcluirOlá, texto muito pertinente principalmente para aqueles que já tiveram a experiência de ministrar uma aula de história antiga no ensino básico, a ideia da maioria dos alunos acerca da transição antiguidade-medievo é mesmo a da decadência material, cultural, política e social, uma completa descontinuidade entre as eras bem demarcadas, presas ao modelo quadripartite da História, minha pergunta é até que ponto a persistência da ideia da desagregação, ou da descontinuidade, pode ser creditada a trabalhos como de Edward Gibbon, que insinuam a "pureza" da cultura ocidental dos reinos cristãos, em completa oposição a "opulência decadente" dos impérios pagãos da antiguidade? Uma espécie de superioridade não mais material, e sim espiritual do ocidente?
ResponderExcluirPâmella Holanda Marra
Sim, a maior parte das histórias sobre a idade média tentam justificar a superioridade do ocidente, mesmo em tempos sombrios. São ingleses, franceses, italianos e alemães que escreveram sobre o seu passado e, muitas vezes, fizeram isso de maneira romântica.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
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ResponderExcluirParabéns pelo texto exposto Ana Lucia e Ygor Klain. Faço a seguinte pergunta: De acordo com a opinião de vocês, como os professores devem abordar esse tema em sala, sendo de suma importância para o aprendizado em história?
ResponderExcluirPâmela Cristina de Sousa Lelis
A partir da avaliação da Arte, pois ela mostra muito bem como as tradições clássicas, cristãs e de outras populações, como os Francos, se misturaram em uma Antiguidade Tardia.
ExcluirCOM AS HISTÓRIAS UNIVERSAIS NÃO PERDERÍAMOS PARTES IMPORTANTES TANTO NA HISTÓRIA ANTIGA COMO NA HISTÓRIA MEDIEVAL? NÃO FICARIA CONFUSO PARA OS ALUNOS?
ResponderExcluirHEINZ DITMAR NYLAND
Fica confuso justamente porque é aprendizado. A escola não é lugar para reforçar as crenças, como a do tempo linear europeu, mas para complicar um pouco as coisas.
ExcluirPARA UNIFICAR A HISTÓRIA ANTIGA E HISTÓRIA MEDIEVAL, DEVEMOS LEVAR PARA SALA DE AULA E COLOCAR NOS LIVROS DIDÁTICOS AS HISTÓRIAS UNIVERSAIS. COMO NÃO IRIAMOS CONFUNDIR OS ALUNOS COM TANTAS TRANSIÇÕES E PERÍODOS HISTÓRICOS?
ResponderExcluirHEINZ DITMAR NYLAND
O ensino de História, hoje, deve ser feito longe das Histórias Universais, pois elas estão erradas e são enviesadas. Elas que produzem a noção de superiores e inferiores, bem como levantam o nacionalismo.
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ResponderExcluirEstimad@s Professores,
ResponderExcluirEm nome da Mesa de Ensino de História Antiga, gostaria de agradecer por compartilhar o seu conhecimento conosco. O seu trabalho foi um diferencial em nosso evento. É perceptível o quanto as suas reflexões motivaram e incentivaram os leitores. Obrigado!