HELENISMO E AS SOCIEDADES CLÁSSICAS OCIDENTAIS: UMA
BREVE REFLEXÃO
Já
alertava Marc Bloch [2001] que o ofício do historiador não é buscar as origens,
já que o historiador é fruto de seu tempo, com suas preocupações e anseios. Logo,
ao estudar a história social das sociedades antigas devemos primeiro nos
indagar como este tema tem sido apropriado pela historiografia ocidental e o
porquê da antiguidade Grécia e Roma ter este apreço tão grande nos estudos
históricos, às vezes em detrimento de outras sociedades antigas, não apenas no
“velho mundo”, mas igualmente no “novo mundo”.
A Antiguidade clássica, aqui entendida como uma periodização
tradicional que ressalta as sociedades grega e romana liga-se de muitas maneiras à
sociedade moderna ocidental [Funari 2002, 2004],
fazendo parte da nossa história enquanto colonizados por europeus e sendo
antepassados dos mesmos. Temos um elo de identidade enquanto cultura ocidental
européia que nós latino americanos herdamos, já que os europeus elegeram a
cultura greco-romana como um ideal de cultura e sociedade [Pinsky, 2010].
Primeiramente
devemos explanar brevemente sobre o legado cultural, a política, o pensamento e
a mitologia dos gregos e romanos da antiguidade, e em seguida explicar o que é
o Helenismo e comparar com a nossa sociedade hoje globalizada, cujos elementos
culturais das sociedades greco-romanas herdados são muitos, a começar pela
própria língua portuguesa, por exemplo, que apesar de ter outras contribuições
de outros povos na península ibérica, teve o latim como base, latim falado
pelos antigos romanos, além de várias palavras de origem grega, que também
fazem parte de nossa língua e é claro a ideia de democracia e república,
provindos da Grécia e Roma Antiga.
Apesar
de a “Magna Grécia” ter sido formada por colônias em todo o Mediterrâneo
ocidental, que além de incluir colônias no sul da Itália, também incluía
colônias na França e na Espanha, por exemplo, é somente a partir do período que
vai do século IV a.C. com as conquistas de Filipe II e seu filho Alexandre da
Macedônia até a conquista romana da Grécia no século II a.C. que elementos
culturais como a política, filosofia e a mitologia influenciaram vastas áreas
desde o oriente do mediterrâneo, o Egito na África e extendendo-se pelo
oriente, incluindo a Mesopotâmia e chegando até a Índia [Funari, 2003].
É
importante frizar que durante o período helenístico, a convivência de inúmeros
povos, com dezenas de línguas e culturas diferentes, era governada por elites
macedônicas que se comunicavam através da língua grega [Funari, 2003], fazendo
com que houvesse uma profunda e gigantesca troca cultural. O helenismo não deve
ser simplesmente encarado como mais um período da história, ou mesmo dar
importância somente aos gregos neste processo, já que foram fundados
importantes centros culturais da época como Alexandria, no Egito e Antioquia na
Síria [Silva, 2015].
Essa
profusão e troca cultural só irá acelerar mais e se expandir por todo o
Mediterrâneo e a outros locais como a Europa Ocidental, o oriente médio, e o
norte da África, a partir do século I a.C. Lembrando que o sul da Itália já
havia sido colonizado pelos Gregos, e quando os romanos conquistaram a Grécia,
as elites aprendiam o grego e liam e discutiam suas obras na filosofia, na
política, nos códigos jurídicos, na arquitetura e o plano ortogonal das cidades
e na mitologia, porém com uma reelaboração própria dos romanos que absorviam e
transformavam muitas das culturas que tiveram contato [Funari, 2003], pensando
neste aspecto a própria Roma imperial pode ser considerada como um centro
helenístico [Silva, 2015].
Mas
como a cultura greco-romana chegou até nós? Primeiramente, ao falarmos de
cultura ocidental, de Europa, é comum também falarmos de tradição
judaico-cristã, já que estes se conectam na antiguidade, no período helenístico
grego e imperial romano [Silk, 1984], lembrando que conceitos importantes
foram incluídos no judaísmo e no próprio cristianismo, além do fato de Roma ter
adotado o cristianismo como religião oficial, de modo que o mundo greco romano
sempre esteve presente como legado à Europa, primeiramente colonizada e
posteriormente tendo adotado também o cristianismo [Funari, 2003].
Apesar
de sempre presentes ao longo da Idade Média europeia, ora pensada como um
passado decadente, ora lembrada como uma herança cultural, será apenas no
renascimento que as formas de expressão das sociedades clássicas ocidentais,
nos idos dos séculos XIV e XV, principalmente na Itália, cresceram na Europa de
maneira mais explicita, como uma valorização de um passado romantizado das
antigas Grécia e Roma, através da inspiração na literatura, na filosofia, das
artes plásticas e da arquitetura, o que trará profunda influencia na formação
do que chamamos de mundo ocidental estando ligado a importantes conceitos como
Humanismo e Reforma [Silva, 2015], e ao nascimento ainda incipiente de um
colecionismo, através da escavação [pagas por mecenas] e violação de tumbas dos
antigos romanos [como foi imortalizado pelo pintor Caravagio] que daria origem
aos gabinetes de curiosidades durante o iluminismo [Trigger, 1992] que daria
origem aos primeiros museus no século XIX [Schwarcz, 1993].
Será
no iluminismo no século XVIII, que os discursos de um elo de identidade e
inspiração nessas sociedades, irá ganhar mais ímpeto e força, influenciando
enormemente a filosofia segundo um momento que a Europa vivia, da ascensão da
burguesia e questionamento do antigo regime, que culminará na Revolução
Francesa [Funari, 2003; Silva, 2015]. Já na América, especificamente nos EUA,
servirá de inspiração no ideal de um sistema político republicano além de
inspirar na arquitetura ortogonal das cidades da América espanhola [Funari,
2003].
Até
hoje a cultura Greco romana é reapropriada pela cultura ocidental, muitas vezes
em detrimento de outras culturas antigas e infelizmente sendo utilizada como
discurso de uma pretensa superioridade racial e cultual dos gregos e romanos,
embasados nos conhecimentos científicos da época como o evolucionismo social
que dividia sociedades humanas em selvagens, bárbaros e civilizados [Morgan,
1877] e as teorias racistas que explicavam que além de um pretenso “milagre
grego” de uma superioridade cultural, a cultura grega seria “superior” também
devido uma questão de uma “superioridade racial” da raça branca, fortemente
influenciados pelo darwinismo social [Schwarcz 1993], que será constantemente
retomada, como o caso mais emblemático já no século XX, na Alemanha Nazista
inspirada na Grécia Antiga, e novamente na América do Norte, nos Estados
Unidos, dessa vez inspirados no imperialismo romano [Funari, 2003].
Em
relação a este “milagre grego”, como bem coloca Funari [2003], esta é uma
verdadeira falácia, já que cai no erro gravíssimo de negar que as culturas
clássicas foram igualmente influenciadas por outras culturas, como os egípcios
e a mesopotâmia. Na realidade estes discursos de superioridade, sempre foram
utilizados politicamente para justificar ora o imperialismo e neocolonialismo,
assim como regimes nazifascistas [Schwarcz, 1993; Funari, 2003].
As
culturas não morrem, mas se transformam, mudam as sociedades e se tornam em
outras, mas é importante se dar conta da profunda influencia destas sociedades
greco romanas sobre o pensamento ocidental, ao mesmo tempo que devemos dar-nos
conta que os contextos onde a filosofia, mitologia, política, arquitetura e
artes plásticas estavam inseridos são imensamente diferentes da sociedade
ocidental da atualidade e reapropriados e resignificados de acordo com uma
lógica judaico cristã, ocidental e capitalista.
O
que foi exposto permite refletirmos como a cultura, a política, o pensamento
filosófico e a mitologia, iniciada pela “globalização” do helenismo e império
romano sempre serviram como alegorias para as diferentes ideologias e
interesses modernos ocidentais, em trânsito ao longo da história, sendo
ultimamente apropriado por discursos que seguem uma lógica capitalista
[Doberstein, 2002], o que apenas demonstra que os discursos e a subjetividade
de quem conta uma história de acordo com a época e os atores sociais envolvidos
nesta construção.
Fica-nos
apenas uma pergunta: Se é importante estudar as sociedades Gregas e Romanas [e
de fato é importante], por que não é feito o mesmo com as sociedades antigas da
América Latina? As sociedades Maia, Inca e Asteca, por exemplo, foram
identificadas como sociedades clássicas, inclusive com elementos que a
caracterizariam com um modo de produção asiático [Marx, 1867; Cardoso, 1986;
Cardoso & Bouzon, 1990]. Talvez, uma primeira resposta poderia ser para
fazermos estudos comparativos, tirando toda a carga evolucionista social e
darwinista social [Trigger, 2003], entre o “velho mundo” [incluindo não apenas
Grécia e Roma, mas a África e extremo oriente] e o “Novo Mundo”, incluindo
também as sociedades indígenas da América Latina, como por exemplo, os dados
trazidos pela arqueologia sobre as sociedades amazônicas [Roosevelt, 1992,
1993; Schaan, 2004; Gomes, 2017; Rostain, 2012].
Uma
chave para refletirmos sobre isso seria através de um pensamento decolonial,
indo de encontro com o que tem se defendido como giro decolonial [Ballestrini,
2013] onde se poderia discutir uma história indígena no continente latino
americano como as sociedades indígenas [Carneiro da Cunha, 1993] e também
africanas e afrodescentes [Reis & Andrade, 2018], ponderadas por pensadores
latinos respondendo a questões que sejam de nosso interesse e condigam com a
nossa realidade, e não apenas como um passado ibérico europeu como uma forma de
superação do padrão mundial de poder capitalista, no que podemos propor uma
maior interculturalidade [Reis & Andrade, 2018] na pesquisa, ensino e
extensão referentes ao estudo das sociedades antigas.
Sem
abandonar o legado dessas culturas greco-romanas, também estudadas sob uma
perspectiva pós-colonialista, crítica e interdisciplinar [Garraffoni, Funari
& Pinto, 2010], devemos buscar formas de estudar a Antiguidade para além do
colonialismo e euro centrismo levando em consideração, as diversas sociedades
antigas do continente Africano, assim como as sociedades da Antiguidade dos
Andes, do Caribe, da Amazônia, enfim do continente americano como um todo.
Referências
Me.
Avelino Gambim Júnior é professor substituto no Curso de História Universidade
Federal do Amapá [UNIFAP]. Arqueólogo colaborador no Centro de Estudos e
Pesquisas Arqueológicas da Universidade Federal do Amapá [CEPAP / UNIFAP].
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Como o helenismo está presente nos livros didáticos?
ResponderExcluirOs livros didáticos tem mudado a forma de abordar o Helenismo, porém ainda há uma certa tendencia em priorizar um ponto de vista em detrimento de outros, porém esta concepção tem mudado nos ultimos anos.
ExcluirBoa Tarde Avelino. Interessantes considerações.
ResponderExcluirA BNCC para o 6ºano do ensino fundamental traz em suas orientações para o ensino de História uma perspectiva comparativa entre o mundo clássico e as civilizações da América Pré-Colombiana. Gostaria de saber o que pensa dessa perspectiva, ao apontar no texto, a possibilidade de se refletir sobre os antigos por meio de estudos decoloniais.
Alessandro Mortaio Gregori
Boa noite Alessandro, penso que esta perspectiva comparativa depende muito do professor para ocorrer de maneira não a levar em consideração os aspectos culturais, e o modos de se explicar a história de cada povo, de cada sociedade para que não caiamos numa comparação utilizando pressupostos do evolucionismo cultural e eurocêntricos.
ExcluirUm dos primeiros passos para vencermos este obstáculo é buscar auxílio na antropologia, nós como professores de história devemos buscar e discutir em sala de aula temas como diversidade cultural e multivocalidade, procurando demonstrar em primeiro lugar que existem diferentes formas de pensar o tempo, e outros modos de contar e pensar o que chamamos de história. É difícil pensar em uma resposta a esse problema, mas penso que estamos nos permitindo de fato problematizar os discursos oficiais de periodização histórica, como por exemplo a divisão quadripartite da história (antigo, medieval, moderno e contemporâneo) que tem origem no Iluminismo pós revolução francesa. Sabemos que essa divisão não pode ser vista acriticamente e obviamente, nem mesmo é aceita em todo o mundo. Ela diz respeito ao advento do capitalismo, e dentro da narrativa clássica e tradicional é pensada desde o século XIX, iniciando na pré-história e findando na idade contemporânea. Inclusive o próprio termo pré história tem origem no século XIX (no que arqueólogos como Childe e tantos outros no início do século XX iriam se apropriar). Essa divisão do tempo foi criada pensando em níveis de "complexidade cultural e social" ou mesmo tecnológico das sociedades, numa escala evolutiva do "menos evoluído" ao "mais evoluído", não levando em consideração as escolhas e as pessoas como atores sociais.
Penso que além de antropologico e sociológico o problema seja também de cunho filosófico, no sentido tentarmos nos permitir que enxerguemos de modo simétrico as diversas formas de explicar como as coisas são, e as diferentes formas de ser e existir no mundo, ao que chamamos de ontologias. O problema é que isso acaba indo de encontro com nossa ontologia ocidental cartesiana, nossa explicação de mundo e da própria existência. Isso não quer dizer que devamos substituir uma explicação de mundo pela outra, mas colocarmos em simetria, como outras possibilidades de explicação histórica. Isso pode ser feito em sala de aula trazendo informações provindas da arqueologia e da tradição oral. Na verdade esse problema não é algo enfrentado apenas no ensino, mas na nossa própria concepção de história, de como fomos ensinados e ensinamos, como produzimos trabalhos científicos e nos trabalhos científicos que lemos, e reproduzimos. A história indígena é um exemplo de como poderíamos unir as informações provindas do campo da história, arqueologia, antropologia e linguística e procurar outras formas de no ensino de história antiga incluirmos a temática indígena, trabalhando em sala de aula através de mitologias e narrativas orais, relatos etno-históricos e dados arqueológicos formas de contar a história antiga dos povos originários. Dessa forma, não se abandonaria o estudo das sociedades gregas e romanas, mas se procuraria mostrar outras sociedades, seja do continente americano, seja do continente africano, ou da Ásia, ou da Oceania, etc...
nso que temos ainda muito que discutir sobre formas de "não jogar a água do banho com a criança", isto é, não se trata de substituir, no caso da história antiga, uma visão de mundo pela outra, ou algumas sociedades por outras, mas procurar formas de discutir em sala de aula essas sociedades de uma forma mais heterogênea. E isso significaria modificar a narrativa clássica da própria concepção de história no ocidente. Porém, lembremos que estamos na América Latina, e temos que perguntar qual o ponto de vista da história estamos lidando? Qual o público que se destina essas narrativas? Qual a realidade dos meus alunos? A principal lição que aprendemos é que a história, ou as histórias são plurais e multivocais. Isso não significa que tudo seja valido, porque ainda nos embasamos fortemente nas fontes documentais (escrita, cultura material) e nas fontes orais, etnografias, estudos linguísticos, e no cruzamento dessas mesmas fontes acrescidas pelo discernimento crítico das mesmas, na averiguação lógica das mesmas, enfim, não abandonamos o método, mas devemos estar abertos a outras vertentes teóricas, por isso devemos nos permitir mais antropologia e filosofia, no reconhecimento do outro, da alteridade e do levá-lo a sério, e da filosofia para termos a humildade de reconhecer que a história tradicional, desde o início do século XX já (aos poucos) combatida, é apenas uma forma a mais de contar e periodizar as ações das pessoas no tempo.
Excluirnso = Penso que temos
ExcluirO BNCC acaba desse modo, de um jeito ou de outro, privilegiando uma visão eurocentrica,mas nosso desafio é exatamente procurar saidas de como essas comparaçoes devem ser feitas.
ExcluirTemos que insistir nos contextos locais, buscar "costurar" por dentro da BNCC, formas de driblar um ensino eurocentrico e aproveitar uma perspectiva comparativa de um modo decolonial.
ExcluirOlá Avelino,
ExcluirCompreendo sua posição em relação ao recorte temporal quadripartido da História e sua presença como eixo estruturador da história ensinada. A primeira versão da BNCC tentou realmente subverter esse arranjo cronológico por uma visão plural dentro da ideia de "mundos" e "cosmologias". Entretanto a força do tradicionalismo fez a proposta "despencar". A meu ver, é necessário encontrar outros espaços para conteúdos tradicionais, pois ainda são representativos de diversas práticas culturais contemporâneas. Me pareceu, na versão final da BNCC, que a perspectiva comparada, como raciocínio histórico, possa ser uma alternativa. Entretanto, vale apontar a sua consideração em relação a não se cometer equívocos respaldados na ideia de "superioridade"/"inferioridade".
Obrigado pela resposta,
Alessandro Mortaio Gregori
Olá, gostei de seu texto. Gostaria de saber sua opinião sobre o ensino da história da filosofia grega. Você concorda que existe, tanto no meio escolar como até mesmo no acadêmico, uma série de tendências eurocêntricas que privilegiam a civilização grega como o berço da filosofia não só ocidental, mas de toda a História, excluindo suas influências afro-asiáticas como observado no texto? Você acredita que, nesse caso, o professor-pesquisador em sala de aula deveria não apenas apontar para essas influências, mas também que outros povos do Mundo Antigo se engajaram no pensamento filosófico racional e abstrato? Creio que isso poderia alavancar uma nova concepção da História, afastada dos ditames eurocêntricos e mais próxima de um diálogo intercultural que privilegie a diversidade étnica.
ResponderExcluirObrigado.
Daniel Roberto Duarte Granetto.
Boa noite Daniel. Penso sim que podemos fazer isso, mas isso demanda que nós como professores possamos nos aproximar de outras áreas das ciencias humanas como antropologia, e a arqueologia por exemplo. Essas disciplinas permitem que tenhamos uma maior entendimento da alteridade e da diversidade cultural, e auxiliam-nos no entendimento de outras sociedades.
ExcluirMuito bom o artigo, Me. Avelino Gambim Júnior, compreende-se o período de domínio da cultura grega no mundo antigo que se seguiu após a morte do imperador Alexandre, o Grande. Alexandre não levou apenas pilhagens e guerras, tampouco assolamento de tradições e culturas. O império alexandrino caracterizou-se por levar também a cultura grega chamada helênica para todas as regiões que conquistou. Caracterizou-se também por integrar os elementos das culturas conquistadas, como aqueles da cultura persa da qual Alexandre era um grande admirador, com os elementos da cultura grega. Esse processo construiu um mundo novo, ecumênico e integrado na Antiguidade, ou seja o Henismo !
ResponderExcluirÉ sabido dizer que Alexandre Magno, ou Alexandre, O Grande, foi um dos maiores conquistadores, estrategistas militares e administradores políticos da história universal?
Bruno Ribeiro de Melo
Bom dia Bruno, obrigado pela pergunta e que bom que gostastes do texto. É importante lembrarmos de não romantizarmos o helenismo. Enquanto historiadores, acostumados a enxergar na longa duração, não podemos esquecer que personagens como Alexandre, Julio Cézar, entre tantos outros da antiguidade infelizmente são lembrados por governos autoritários como exemplos a serem seguidos. Logo o nosso encantamento por esses periodos históricos não podem ser pessoalizados a um indivíduo. Até porque existe toda uma historiografia construida em cima desses personagens, com propositos definidos. O interessante do periodo helenistico consiste no encontro de culturas e nas consequencias para os processos historicos.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirÉ de grande importância esse giro decolonial para discutir uma história indígena no continente latino americano além do estudo das sociedades Maia, Inca e Asteca e as sociedades indígenas. Porém como você cita no artigo o imperialismo se reapropriou da cultura grega e a ressignificou de acordo com um lógica judaico cristã, ou seja, a cultura greco-romana está enraizada em nossa sociedade sendo impossível não aborda-las no currículo escolar. Minha pergunta é, devido ao curto tempo que os professores tem para tratar dos assuntos, de que forma você pode encaixar o estudo, tanto das culturas dos povos ameríndios e afrodescendente com o estudo decolonial, junto ao estudo da cultura greco-romana e se de algum modo este estudo pode estar em paralelo com as aulas de filosofia?
ResponderExcluirFernando Müller
Boa tarde Fernando,
ResponderExcluirNovamente respondo que não há uma resposta categórica a isso. Como eu disse não é intenção substituir uma coisa por outra, e isso acaba impor outro problema, a questão de um cronograma a ser cumprido, mas penso que vai do professor fazer escolhas do que deve ser visto procurando não prejudicar os alunos. Penso que existem sim paralelos entre as aulas de filosofia, e que inclusive facilitariam o entendimento dos alunos mas aulas de história sobre os temas discutidos sobre história antiga.
*nas aulas
ResponderExcluirExcelente texto. Parabéns.
ResponderExcluirPara meu questionamento trago um fragmento do próprio texto:
"A Antiguidade clássica, aqui entendida como uma periodização tradicional..."
Como problematizar essa periodização com o aluno secundarista, sem cometer o erro de apagar de sua mente a necessidade didática da mesma, e sua extrema necessidade também para o vestibular, uma vês que os conhecimentos de história são cobrados com base na periodização tradicional?
ALLEF GUSTAVO SILVA DOS SANTOS
Boa noite Allef, está é a grande questão, é o nosso grande desafio. Não podemos é fazer um ensino sem crítica, se dependermos do enem e vestibulares a história que os alunos aprenderiam seria um tanto reducionista. Penso que podemos ser sinceros com os alunos. Não estou querendo achar fórmulas mágicas, é realmente um desafio e um caminho árduo para nos historiadores e professores de historia.
ResponderExcluirOpa,tudo bem?
ResponderExcluirVimos que a cultura "greco-romana" chegou até nos pelas tradições judaico-cristã,já que eles se entrem ligaram no período helenístico grego e imperial romano.
Além dessa ligação,existiu outro método de aproximação cultural greco-romano na civilização de hoje em dia?
Kaio Barros de souza
Boa tarde Kaio,
ResponderExcluirNão entendi a pergunta, mas vou ver se respondo o que entendi. Estas perguntando se existiu outro periodo cosmopolita e "globalizante" na antiguidade da história humana?
Se for esta a pergunta, a resposta é: com certeza! As culturas humanas sempre influenciaram e foram influenciadas uma pelas outras, e elas ocorrem em praticamente todos os continentes. Claro que em contextos insulares (como o Japão e a Austrália por exemplo) penso que esses contatos ocorram de forma diferenciada,
Temos exemplos de contatos e florescimento cultural na antiguidade andina, da mesoamérica, no sudoeste norteamericano, no Egito e a África, na China e na Índia, etc.
Enfim, são varias Histórias a serem contadas.
O que vivemos nos dias de hoje, é que é algo diferente, de fato todas as sociedades do mundo estão conectadas de uma forma ou de outra. Mas as coisas não parecem ter sido assim antes, eram muito mais regionais, mas ainda assim impressionantes.
Espero ter respondido de maneira adequada,
Atenciosamente,
Avelino Gambim Júnior