Isabele Fogaça de Almeida


A RIQUEZA DO CONTINENTE AFRICANO: UMA EXPERIÊNCIA EM SALA DE AULA



“É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal forma que, num dado momento, a tua fala seja a tua prática". [Freire, 2011]

Tendo em vista fortalecer a relação teoria e prática, de articular a ideia do saber com o fazer, em 2016 a disciplina de estágio supervisionado do curso de Licenciatura em História da Universidade Estadual de Ponta Grossa [UEPG] constituiu-se em formidável ferramenta de integração e conhecimento do aluno na perspectiva social, econômica e do trabalho na realidade escolar. Ainda em que se tratando de um terceiro ano do curso, essa foi a primeira vez que nós estudantes, tivemos a oportunidade dentro das disciplinas, de estar de fato em contato com a escola e as suas múltiplas realidades, aplicando o que aprendemos na academia ou aprendendo a aplicar o que tivemos que nos instruir por necessidade.

O meu caso foi o segundo, pois eu não tinha conhecimento sobre o assunto que me coube para lecionar no estágio com o sexto ano do Ensino Fundamental 2, Núbia e Reino de Kush. Esse é um desafio mais comum do que se pensa na vida de professores de história. Um desafio e ao mesmo tempo uma oportunidade de mostrar para mim mesma que sou capaz, e que o conhecimento que não se restringe a uma sala de aula, também pode ser de grande valia e proveitoso. Concordando com Guimarães e Vasconcelos, “O ser professor é construído na história de vida, no terreno da experiência pessoal e coletiva em determinados espaços e tempos históricos” [Vasconcelos, 2003]

Com a vantagem de ter na professora a qual acompanhei no estágio do ensino fundamental, a mesma de estágio do ensino superior, em conjunto com o professor orientador fui agraciada com muitas dicas que favoreceram a docência. Inclusive tive a oportunidade de reformular e aplicar um plano de aula feito na disciplina de Oficina da História II em conjunto com o Museu Campos Gerais, que tem um acervo de máscaras africanas.

Sem fórmula, com alguns acertos, muitos erros, a prática se molda a cada situação, e mais do que isso, ensina a cada situação. Edifica-se a cada dia. Mesmo já tendo três anos de experiência no PIBID, considero essa como uma das práticas de mais valia para minha formação profissional, cada passo deste relatório foi de grande aprendizado. Faço aqui das palavras de Chaunu [1976], as minhas: “Isso nos faz reconhecer que a docência não é uma profissão que se exerça algumas horas por semana:

é uma forma de partilhar o saber, um modo de relação com os outros. Quanto à história, é um certo olhar sobre um mundo e um método de conhecimento. A prática do ensino da História não se isola. Há para um professor mil outras maneiras de aprender e ensinar e de ampliar a sua formação” [Chaunu, 1976, p. 319].
Problematização
A relevância do estudo do tema se dá primeiramente em quebrar o viés exclusivamente eurocêntrico da História, principalmente quando falamos em História Antiga, no qual o continente africano [entre outros continentes] era deixado de fora. E mesmo quando se é estudada uma das grandes civilizações africanas, o Egito, parece que ela é retirada do seu continente, e tratada como excepcionalidade à selvageria africana.

Além disso, outro ponto seria a desmistificação de características africanas e a correção de Referências equivocadas que permeiam o nosso imaginário e o dos alunos sobre os povos africanos, levando em consideração a diversidade e multiplicidade cultural, social, encontrados no continente.

O continente Africano possui papel fundamental na história, as produções artísticas e culturais dos diversos povos africanos datam como as mais antigas do mundo. Ao falarmos de África é necessário reconhecimento que nos referimos a grupos populacionais étnicos diferentes que possuem suas próprias características socioculturais, línguas, artes e costumes.

Algumas características e diferenças alteraram-se como passar do tempo enquanto outras se mantiveram, assim, estabelecendo certa continuidade; outras ainda desapareceram ou foram substituídas devido às condições socioeconômicas e mudanças históricas. Apesar de características semelhantes entre os povos africanos é difícil se abarcar a totalidade e particularidades da realidade Africana.

A arte e cultura africana são extremamente amplas e diversificadas, mas possui características que lhe são peculiares, como a busca em “atingir o coletivo de forma útil como também sagrada, dessa forma acaba se diferenciando das manifestações ocidentais” [Amaral, 2011].

As características singulares da arte africana fizeram com que ela fosse vista por muito tempo como inferior, sem considerar que como qualquer produção humana ela também é diversa, conforme salienta Sodré [2001], “a arte africana é outra forma de manifestação da sensibilidade humana, tão variável quanto à diversidade cultural do nosso planeta”.

Pensando nisso, a abordagem do tema foi feita em duas unidades de estudo. Após o conteúdo do Egito ser estudado pela turma com a professora da classe, as intervenções começaram a ser realizadas no sentido de mostrar outras civilizações que estão ao redor do Rio Nilo, e que não só a civilização egípcia foi dádiva deste rio.

Assim, foi trabalhada primeiramente a formação da Núbia e do Reino de Kush, suas características gerais e como ocorreu sua decadência, e na sequência, as máscaras africanas como símbolo da diversidade de manifestações culturais em muitos povos do continente.

A arte africana possui intima ligação com a religião, nos rituais africanos a música e a dança têm papel fundamental, juntamente com as Mascaras, que juntos formam a base de tais praticas religiosas. Conforme destaca Ferreira [2004]:

“As Máscaras nas comunidades africanas, geralmente estão ligadas a rituais religiosos, de guerra, de fertilidade da terra e até mesmo de entretenimento, elas são criadas para serem vistas em movimento. Diferentemente das máscaras da sociedade ocidental, para as comunidades africanas toda a indumentária que cobre o corpo do mascarado é considerada máscara; e geralmente são os homens quem dançam mascarados”.

A dança música e as máscaras são eixos interligados e demonstram as necessidades especificas de cada divindade, orixás ou ancestrais que se busca conexão.  Os rituais encontram na mitologia a base da sua espiritualidade: o entendimento do mundo e a fé, mas para se alcançar a conexão com o mundo espiritual a máscara ganha um corpo humano, ao vestir a máscara o indivíduo tornava-se um espírito.

A confecção das máscaras se preocupa com a conexão com o divino, por isso não possuem semelhança com rostos humanos, ainda sobre sua confecção Ferreira [2010] destaca que:

“As máscaras africanas geralmente são esculpidas em madeira, a sua confecção passa por rituais desde a escolha de quem vai confeccioná-la até o ritual de purificação pelo qual o escultor irá passar, para que possa a partir daí, nascer uma nova máscara em substituição de outra”.

O uso da madeira nas máscaras está ligado a relação natureza e cultura, e os artífices africanos acreditavam que as arvores possuíam espíritos e dessa forma a madeira seria receptora espiritual para seu portador durante os rituais.

Cada máscara possui características e significados diferentes variando de acordo com a tribo pela qual eram usadas. As formas, as cores estilizadas e os animais como elmos, pássaros e personagens presentes nas mascaras tinham significados diversos de acordo com o rito em que seriam usadas, que por sua vez eram diversos: rituais religiosos, celebração de felicidade ou também da morte, iniciação dos jovens, para cura de doenças físicas e mentais e existiam também as ‘máscaras passaporte’ que serviam para o trajeto de uma tribo para outra.

As máscaras foram usadas por muito tempo para rituais, atualmente ainda são produzidas com fins comerciais, o maior uso é para decoração. Para os africanos, as máscaras simbolizavam a vida, e quando expostas em museus a sacralidade desses objetos não nos é visível, apenas observamos enquanto escultura, mas a essência da sua estética possui significados que não são perceptíveis na observação leiga:

“As esculturas africanas em geral se caracterizam basicamente por expressarem esteticamente um conceito, uma ideia, uma essência, para além da aparência 'realista', referem-se um repertório de signos que muitas vezes se expressam em formas abstratas geométricas e exploram um espaço multidimensional. As esculturas representam e invocam uma visão do mundo, materializam forças invisíveis, representando-as. É a 'escultura dos signos', como se referiu Ola Balogun”. [Luz, 1983]

É perceptível a beleza da arte Africana e as máscaras são apenas uma parte dela, além de obras de arte possuem uma função social. A formação social do continente africano foi fortemente influenciada pelos moldes europeus ocasionando conflitos na formação de identidade dos povos bem como na preservação e valorização do legado por eles deixado. O resgate dessa cultura e da história original é fundamental seja por meio de documentos, museus, oralidade, a própria cultura por meio de cultos, cerimônias e religiões e principalmente na escola.

Intervenções
As intervenções foram realizadas no Colégio Estadual Nossa Senhora das Graças, situado no município de Ponta Grossa, em um período de doze horas/aula - sendo seis para a primeira unidade sobre a formação da Núbia e do Reino de Kush, e seis para a segunda unidade sobre as máscaras africanas.

A primeira unidade foi iniciada com a abordagem do que eles estavam estudando anteriormente, no caso o Egito, e se eles achavam que somente esta civilização aproveitou as vantagens do Rio Nilo. Após uma breve discussão, onde a maioria dos alunos acreditavam na possibilidade de mais povos terem aproveitado em próprio benefício o Nilo, com o auxílio de slides, foi apresentada a imagem do mapa mundi, para que fosse identificado o continente africano, e uma imagem no mapa do rio Nilo.

Para que os alunos identificassem a Núbia [ao redor do Nilo, mas no espaço ao sul do Egito e norte do Sudão], o reino de Kush que se desenvolveu nesse espaço, e suas principais cidades Kerma, Napata e Méroe, cada aluno ganhou uma cópia dessa imagem, para que encontrassem e destacassem com a caneta esses espaços.

Após essa identificação geográfica, foi explicado pela professora estagiária que de acordo com a localização da Núbia, ela servia como passagem de produtos entre a África Central e o Mediterrâneo, além do Oriente próximo e da Ásia distante. Ou seja, um lugar bem movimentado pelo comércio. Além disso, como era bem perto do Egito, a Núbia era bastante influenciada culturalmente por eles, e só a partir de 3000 a. C. é que se pode perceber uma clara diferença entre a civilização egípcia, ao norte e Núbia, ao sul [levando em conta que os povos ao redor do Nilo começaram a se estabelecer em 6000 a. C.].

Após essa diferenciação de povos, o reino de Kush ficou mantendo comércio e contato com o Egito, mas havia disputas de poder e território entre essas duas civilizações, na qual os kushitas foram inclusive feitos de escravos pelos egípcios em alguns momentos. Mas lá em 730 a. C. os kushitas venceram os egípcios e governaram o Egito por 100 anos, e foi aí que surgiu a dinastia dos “faraós negros”.

Foi explicado também o porquê dessa denominação, lembrando que os egípcios também eram negros. Então os habitantes de Kush foram desde escravos até faraós egípcios, ou seja, em um momento estavam na pior estratificação social da sociedade egípcia, e em outro, na mais alta.

Outra informação explicada, foi o poder das mulheres em Kush. Lá era comum elas assumirem o poder, diferente do Egito, que dificilmente uma mulher chegava a governar. Culturalmente em Kush as mulheres eram aceitas para a administração do Império. E quando não governavam diretamente, exerciam influência sobre os governantes. Existiam rainhas-mães, que as chamadas candaces, que influenciavam nas decisões que o seu filho-rei tomava. Além disso, as mulheres também podiam ser líderes religiosas, sacerdotisas, e tinham poder decisivo na escolha de novos governantes.

No Egito a escolha de novos governantes acontecia de maneira hereditária, de pai para filho. Em Kush, se reunia alguns nomes e segundo a vontade dos deuses tal rei iria ser escolhido e governaria, e como as mulheres eram sacerdotisas, participavam dessa decisão ativamente. Deus legitimava o poder desses governantes. O governo era teocrático, o que significa que o poder estava submetido às normas da religião kushita, e que tal poder vinha ao governante através dos deuses.

Os governantes eram representantes de algum deus na Terra. Para melhor exemplificar a escolha dos governantes kushitas, foi feita na sala uma dinâmica com os alunos, onde cada um teve que votar secretamente em alguém que teria as melhores características conforme as suas concepções, para ser o rei da sala. Depois de ver qual aluno recebeu mais votos, foi perguntado aos Deuses se este era capaz de governar jogando sementes para cima e analisado a disposição que estas cairão, a resposta encenada pela professora estagiária foi afirmativa.  

Em seguida foi entregue uma pirâmide para cada aluno, para que fosse preenchida em conjunto com a turma e entendessem a posição e importância de cada classe na sociedade kushita. Após foi finalizado com a discussão de como o Reino de Kush acabou; uma das principais atividades da economia era o comércio, seguido pela agricultura, na qual também utilizavam o Rio Nilo, a pecuária, feita principalmente com o gado, e a mineração, em que o território continha muito ouro, entre outros minerais preciosos. Mas gradativamente, assim como acontece com outras civilizações, como o Egito por exemplo, Kush vai perdendo poder, e é dominado por outro reino, que estava mais ao sul, o Reino de Axum, no séc. IV d.C.

A segunda unidade teve como objetivo trabalhar a simbologia das máscaras em geral; mostrar algumas características da cultura africana, relacionadas com as máscaras; incentivar a imaginação na observação das máscaras; e a Produção de máscaras com significado. Foi iniciada com a professora estagiária entrando na sala mascarada e questionando se os alunos advinham o tema da aula.

A sala ficou disposta com as cadeiras em semicírculo. Relacionando com personagens que os alunos conhecem que usam máscaras, como Batman, Homem-Aranha, Mulher Gato, Esqueleto, Homem de Ferro; foi explorada a simbologia das máscaras em geral.

Dando continuidade foi entregue uma luva de procedimento a cada aluno, e passado algumas máscaras africanas emprestadas do acervo do Museu Campos Gerais, para que pegassem, sentissem, cheirassem, observassem e analisassem cada uma.

Na sequência foram questionados aos alunos seus significados, sua origem, o material de composição dentre outros aspectos através de uma tabela de observação desenhada no quadro. Essa dinâmica introduziu a explicação sobre as máscaras africanas, juntamente com um vídeo que foi passado sobre o segredo das mesmas [Os segredos, 2016].

Em seguida foi explanado sobre a importância delas em todo continente africano e exposta toda coleção na parte da frente da sala, e explicado as informações de cada uma. Por último, a professora estagiária mostrou a máscara que fez evidenciando seus significados; e na sequência explicou que cada aluno deveria produzir uma máscara com significados que tivessem relação com si mesmo.

Depois de finalizadas, com a sala disposta com as cadeiras em semicírculo, cada aluno apresentou sua máscara e explicou seu significado. Na sequência foram recapitulados pontos chaves das aulas em conjunto com a turma e tirada uma selfie com a professora estagiária e o conjunto dos alunos e suas máscaras:



Fonte: Acervo fotográfico da autora.

Para finalizar, motivada pelo sucesso que as máscaras fizeram dentro da turma, e com os outros alunos do colégio; a professora estagiária fez um mural no pátio da escola e colou as máscaras dos alunos para que ficassem expostas para toda comunidade escolar ver.

Considerações finais
As intervenções feitas durante o estágio proporcionaram a compreensão do quão rico é o continente africano, bem como da sua validade para conhecer e estudar a sociedade, a cultura; sobrepondo às barreiras preconceituosas que muitas vezes impomos sobre ele, por pura falta de conhecimento que acaba levando ao desrespeito.

Esta proposta contribuiu positivamente para todos; a professora estagiária por tudo que conheceu e aprendeu tanto no preparo quanto na prática com as intervenções; para os alunos que participaram ativamente de todos os momentos de forma muito entusiasmada; e a escola e a sociedade, que certamente ganham com ela.

Ainda, destaca-se que os objetivos das intervenções foram atingidos, e que a proposta teve contribuição na desafiante prática docente alternativa, que excede o modelo da educação tradicional. Considera-se ainda aqui, a aspiração de levar esse modelo de intervenção a outros colégios da cidade de Ponta Grossa, com o apoio do Museu Campos Gerais e seu acervo das máscaras africanas.

Referências
Isabele Fogaça de Almeida é Mestranda em História, Identidade e Cultura na UEPG.

AMARAL, R. K. A. Introdução a discussão da arte nos rituais africanos. Revista Africa e Africanidades, III, n. 12, 2011.
FERREIRA, L. G. As máscaras africanas e suas múltiplas faces. Anais Eletrônicos II Encontro Estadual de História ANPUH-BA: “Historiador ‘a que será que se destina? ’: Dilemas e perspectivas na construção o do conhecimento histórico.” – Feira de Santana: Universidade Estadual de Feira de Santana, 2004
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 43. ed., São Paulo: Paz e Terra, 2011.
LUZ. Marco Aurélio. Estética Negra e Artes Plásticas. In: Cultura Negra e Ideologia de recalque. Edições Achiamé Ltda. Rio de Janeiro. 1983.
Os segredos das máscaras africanas. Palpita Brasil. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=-PwX8PU-QZU>. Acesso em: 10 de agosto de 2016.
SODRÉ, J. Arte Africana. - Uma brevíssima abordagem. Correio da Bahia. 06 de janeiro de 2001.
VASCONCELOS, G. A. N. [Org.]. Como me fiz professora. Rio de Janeiro: DP&A, 2003. Disponível em:
http://rbep.inep.gov.br/index.php/RBEP/article/viewFile/1619/1344. Acesso 20 de fevereiro de 2020.

30 comentários:

  1. A História da África é muito importante para a humanidade. Sendo assim é bom pensarmos cada vez mais, porque ela ainda é tão pouco estudada e ensinada???

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    1. Obrigada pela pergunta! Na minha percepção, no Brasil há culturalmente o predomínio de um viés eurocêntrico de História; e isso reflete no que pensamos, no conhecimento que produzimos, no que ensinamos, no livro didático, etc. E enquanto não pararmos de dar destaque a Europa, e começarmos a pensar o nosso continente e em todos os outros; fica difícil de perceber a importância da História da África para a humanidade, e das influências desse continente na constituição do Brasil, acabando por vê-lo até mesmo de forma menosprezante e preconceituosa.
      Ass: Isabele Fogaça de Almeida

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  2. Isabele primeiramente quero te parabenizar pela escrita, e pela iniciativa na sala de aula. A cultura africana foram uma das mais influientes para a formaçao do nosso povo brasileiro, mas infelismente o estudo sobre a África é limitado tanto no ensino fundamental quanto no ensino médio isso seria preconceito? pela cultura africana, pela religião praticada por este povo?. Minha dúvida é se essa dinamica que a estagiaria fez com os alunos, atiçou a curiosidade dos mesmos? vc considera que essa atividade poderia despertar em outros discentes o interesse pelo continente africano? e como que os professores podem está inovando na sala de aula, sendo que na maioria das vezes os livros didaticos sobre a África são bem limitados?


    Nadiene Alves Ferreira

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Muito obrigada Nadine! Na minha opinião o preconceito e inferiorização do continente africano, é uma questão cultural no nosso país; que valoriza, estuda e ensina a Europa, mais do que o nosso próprio continente. A dinâmica que eu fiz despertou a curiosidade e interesse dos estudantes, e em alguns casos a partir do conhecimento adquirido, até mesmo rompeu com preconceitos. Quando não estamos falando de Egito, conteúdos sobre a África são bem limitados mesmo; assim como fiz nessa experiência, sugiro que o professor extrapole o livro didático e beba de outras fontes sobre o assunto para enriquecer a aula.
      Ass: Isabele Fogaça de Almeida

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  3. Primeiramente parabéns pela escolha temática, segundo pela escrita clara e objetiva.

    Me sinto muito bem por ler sobre o contexto histórico da África de forma enaltecedora, pois é assim que devemos retratar sobre a África. Um continente rico em recursos naturais e que tem suas belezas invejáveis.

    Sou professora d História, já tive a honra de trabalhar esse conteúdo supracitado pela autora. E faço questão de levar pra sala de aula o lado positivo dessa cultura magnífica.
    Trabalhar sobre os egípcios, sobre a região da Núbia pondo em destaque a riqueza dessas regiões é gratificante.
    A autora comenta com grande propriedade o assunto, principalmente a ênfase dada ao reino de Kush, que põe em destaque uma classe social (escravos) que pôde ter mobilidade dentro da sociedade passando a ser faraós, com abertura a opinião do povo deste reino, diferente do Egito que o faraó seria uma herança de pai para filho.
    Destacou também o papel das mulheres no reino de Kush, assunto de grande valia. Depois o reino de Kush foi derrotado e o reino de axum assume o poder. É uma história brilhante, sobre religiosidade , comércio, agricultura. E por fim, o grande sucesso das máscaras como símbolo de sua cultura.

    Danúbia da Rocha Sousa

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  4. Quais dificuldades você enfrentou durante as aulas, com a exposição do conteúdo ainda menosprezado por muitos docentes?

    Danúbia da Rocha Sousa

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    1. Muito obrigada por sua questão e apontamentos Danúbia, realmente a África é muito rica! Eu senti um pouco de resistência e preconceito por parte de alguns alunos quando eu passei o vídeo sobre as máscaras, e eles entraram em contato com essa cultura na contemporaneidade. Mas pouco a pouco, depois de verem e pegarem as máscaras africanas, e principalmente depois de produzirem as suas próprias máscaras, mostrou que a resistência e preconceito era por desconhecimento sobre o tema, pois os mesmos começaram a se interessar e mudar a reação inicial.
      Ass: Isabele Fogaça de Almeida

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  5. Devido nossa educação ser influenciada pela cultura ocidental, o tema África só a pouco se tornou obrigatório como disciplina dos cursos de História nas universidades e também no ensino médio. O eurocentrismo sempre nos mostrou uma áfrica sem história. É com muito prazer que vejo seu trabalho desmistificando esse mito. A África tem história sim e rica há um trabalho que visou mostrar isso para o mundo "A História Geral da África" ,produzido pela Unesco com o ensejo de recuperar a identidade cultural africana, escrito por historiadores dentre outras autoridades no assunto, em sua grande maioria africanos liderados por Joseph Ki-Zerbo. "A historia vista de dentro". Qual foi a reação dos alunos ao tema, haja vista que vivemos em um país preconceituoso mesmo que se quera negar, e os alunos já vem com o conhecimento que adquire em casa, na Igrejas, nas mídias, nos meios sociais dentre outros?

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    1. De fato, nós vivemos em um país preconceituoso! Enquanto eu me referia à essas sociedades na antiguidade, e portanto distante temporalmente deles, foi tranquilo. Eu percebi o preconceito no rosto de alguns quando trouxe o assunto para contemporaneidade, mais especificamente com o vídeo sobre as máscaras. Por outro lado, no decorrer das aulas, quando eles entraram em contato direto com as máscaras, e fizeram uma para eles, essa relação de preconceito mudou muito. O que me leva a pensar que muitos dos preconceitos que temos em nossa sociedade, parte da falta de conhecimento sobre o assunto.
      Ass: Isabele Fogaça de Almeida

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  6. Comentário acima é de Matias Jorge de Sousa Pereira esqueci de colocar o nome abaixo.

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  7. Olá Isabele. Gostaria de parabenizá-la tanto pela escrita quanto pelo trabalho em sala de aula. Que haja mais iniciativas como a sua, junto ao processo de ensino em África. Isabele, em um dado momento de seu texto você cita que há peculiaridades da cultura e da arte africana, em comparação com a cultura e arte ocidental – europeia neste caso. Tendo em vista isso, quais são essas diferenças, no que tange a questão da busca que a arte africana tem em “atingir o coletivo de forma útil como também sagrada”, com você afirmou no seu texto, em comparação com a arte e a cultura ocidental?

    Gustavo Afonso Bennato Teodosio

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    1. Olá Gustavo, muito obrigado pela pergunta!Na minha percepção a arte na áfrica esteve e está muito ligada a religião; já a cultura ocidental a partir do capitalismo, esteve muito ligada a esse modo de produção, e refletiu em questões como por exemplo de diferenciação de uma arte erudita e uma arte popular, e nesse sentido também, na degeneração das sociedades africanas, como sendo inferiores e necessitadas de uma ação "civilizadora".
      Ass: Isabele Fogaça de Almeida

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  8. Primeiramente parabéns por esse maravilhoso texto!

    Diante toda essa discussão, aliás importantíssima, da relevância de uma visão diferente da cultura africana, além das levadas como um aspecto oriundo do processo de escravidão, surge-me uma dúvida, quais fatores, podem ser trabalhado em sala de aula trazendo a tona os fatores regionais, da nossa realidade? E além disso, como transformar de forma lúdica como o representado no texto assuntos que interliguem o continente africano como um todo e suas riquezas, sem excluir suas características principais?

    José Jadson Medeiros da Silva
    (Jardim de Piranhas/RN)

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    1. Obrigado José! A cultura africana está presente em diversos aspectos do nosso cotidiano, em alguns contextos mais e em outros menos, mas posso mencionar a música, a linguagem, a culinária, a religião. E dentro dessas aspectos, podemos utilizar a criatividade para trabalhar de forma lúdica sem deixar de lado as características principais do continente africano; por exemplo na música pode ser trabalhado uma roda de samba, o maracatu, instrumentos musicais que vieram da áfrica; a linguagem com uma poesia composta por palavras que usamos de matriz africana; a culinária com ingredientes e pratos que eles trouxeram para o Brasil; a religião com o Candomblé, a Umbanda, e por aí vai!
      Ass: Isabele Fogaça de Almeida

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  9. Boa noite. Muito legal o texto e a experiência. Em relação ao ensino de história Africana, você acredita ser possível abordar diretamente o Reino de Kush ou é melhor partir do Egito e depois chegar a outros reinos? Digo isso, porque as vezes a História do Egito meio que apaga o restante da história da África e também que muita das vezes a história egípcia parece ganhar tanta vida que nem parece parte da África.

    Agradeço..Marlon Barcelos Ferreira

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    1. Marlon muito interessante sua pergunta, obrigada! Nessa proposta como era estagiária, por uma organização da professora regente, acabei trabalhando depois do Egito; mas na minha percepção é possível sim trabalhar no continente africano primeiro o Reino de Kush. Como o próprio livro didático muitas vezes da mais espaço e mais informação sobre o Egito, entendo que há a necessidade de completar com outras fontes para tornar o assunto mais rico e interessante para os alunos; e a sequência dessa forma também pode tirar a visão que muitos tem de que o Egito não está na África.
      Ass: Isabele Fogaça de Almeida

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  10. O homicídio da filosofia africana e a recusa destes saberes dia a pós dia no Brasil e no mundo vem se intensificando. A ideia de centralização do conhecimento eurocêntrico, vem usurpando o continente-mãe, África. Trazendo a idealização pejorativa/insultuosa de que, para se produzir conhecimento é necessário ser ou europeu ou branco. Esse racismo epistemológico renega o espelho negro que somos e a importância da África na formação do Brasil. A busca por revalidação desses valores é fundamental pois, nós, nos constituímos herdeiros do aprendizado ancestral africano, a qual o mundo inteiro já bebeu em algum momento da história da humanidade. Gostaria de saber como um Professor de História deve abordar essa temática com alunos do ensino fundamental?

    Grato desde já!

    Fernando Moreira Dos Santos Da Costa.

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    1. Muito obrigado pela questão Fernanddo, realmente é fundamnetal revalidarmos esses valores! Eu acredito que há várias formas de abordar isso com os alunos; eu particularmente pela minha experiência, e resultados, gosto de partir de uma temática que esteja em alta no presente; que pode ter surgido na turma, na escola, no bairro, ou que esteja em destaque no noticiário nacional, internacional. Se fosse hoje, eu por exemplo partiria de um debate sobre o assassinato do João Pedro; mas isso vai da metodologia e do contexto de cada professor.
      Ass: Isabele Fogaça de Almeida

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  11. Este comentário foi removido pelo autor.

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  12. Ola, Isabele. Primeiro, parabéns pela escolha do continente para discorrer sobre História Antiga, pois como você frisou, é de suma importância superar o modelo eurocêntrico dessa e outras temáticas no que tange a periodização da História. É fundamental que nos dias atuais a Antiguidade não seja resumida apenas ao mundo greco-romano - "Antiguidade Clássica" - como as únicas sociedades da Europa, a egípcia, da África, Mesopotamia, da Ásia, relegando povos que, assim como esses, contribuíram para História da Humanidade, mas ao esquecerem em prol de um projeto europeizante, produz um efeito maléfico à própria humanidade, negando a mesma o conhecimento de tais, resultando diretamente na pauperização cultural, e, por consequente, a dificuldade da construção identitária àqueles que ao se depararem com a história de tais "civilizações" não se identifiquem. E cabe a nós, estudantes e futuros professores e pesquisadores de História superarem essas barreiras, sabemos, óbvio, o quão difícil é, mas assim como você fez, mostrando para seus alunos um mundo ainda mais desconhecido - inclusive, parabéns pela pedagogia adotada - por meio da arte, precisamos falar mais de América, China, Índia, Japão, entre outros, em História Antiga.

    Mas, Isabele, na introdução de seu trabalho, você expôs um desconhecimento sobre às sociedades que deveria trabalhar no seu estágio (Núbia, Reino de Kush e o Reino de Axum, este, para entender a desagregação do último). Diante disso, qual foi sua maior dificuldade na aquisição de conhecimento acerca desses povos no que concerne às fontes escritas?

    Rafael Amorim Santos



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    1. Muito obrigado pela colocação Rafael, realmente nós precisamos ir muito além de Grécia, Roma, Egito e Mesopotâmia! A minha primeira dificuldade com relação a fontes escritas foi a ausência dessa temática no livro didático dos alunos (algumas dessas sociedades só foram citadas na parte do Egito). Depois disso, eu comecei a procurar informações em outros livros didáticos, e na internet, para que bebendo de várias fontes, eu conseguisse elaborar essas aulas.
      Ass: Isabele Fogaça de Almeida

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  13. OLA, PARABÉNS PELO!!
    EM SEUS ESTUDOS VOCÊ SENTIU MELHOR INTERESSE POR PARTE DOS ALUNOS QUANDO COLOCA ALGO ASSIM (COMO USO DE MASCARAS EM SALA DE AULA) SE SENTIRAM MAIS ENTUSIASMADO COM O CONTEÚDO? E QUAL FOI O REGISTRO MAIS ANTIGO QUE PODE DESCOBRIR EM RELAÇÃO AO ESTUDO DA HISTORIA ANTIGA?

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  14. OLA, PARABÉNS PELO!!
    EM SEUS ESTUDOS VOCÊ SENTIU MELHOR INTERESSE POR PARTE DOS ALUNOS QUANDO COLOCA ALGO ASSIM (COMO USO DE MASCARAS EM SALA DE AULA) SE SENTIRAM MAIS ENTUSIASMADO COM O CONTEÚDO? E QUAL FOI O REGISTRO MAIS ANTIGO QUE PODE DESCOBRIR EM RELAÇÃO AO ESTUDO DA HISTORIA ANTIGA?



    IRONI JUNIOR RODRIGUES DE LIMA

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  15. Obrigado Ironi! Sim, eu sinto que quando eu relaciono o conteúdo com produções artísticas, especialmente quando têm um sentido de identidade, os alunos se interessam mais, e se recordam mais do conteúdo. O Templo Deffufa na cidade de Kerma, foi o mais antigo desse conteúdo.
    Ass: Isabele Fogaça de Almeida

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  16. Olá, adorei o texto e sua escrita, sou muito interessada na história do continente africano e entendo a dificuldade de estudar sobre ele e de repassar o conteúdo aos alunos. Devido a nossa cultura e socialização, muitas vezes temos preconceitos acerca de coisas vindas da África, como você conseguiu conversar sobre isso com os alunos ? Ou esse não foi um ponto necessário no seu estágio. Abraço.

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  17. Adriano Castro de Holanda21 de maio de 2020 às 22:37

    excelente proposta de ensino.

    principalmente em destacar as riquesas africanas com os alunos. Quais foram as principais dificuldades durante o projeto?

    Adriano Castro de Holanda

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